A MÚSICA E O TEMPO –

Fui, sou e continuo sendo um admirador imbatível da boa música brasileira. Trago e conduzo com muito carinho e afeto asica de tempos passados, quando se cultivava o romantismo, a temática de amor, solidão, a dor de cotovelo; que a mulher era a fonte maior de inspiração poética dos seus apaixonados compositores. Tempo de grandes e imortais compositores, como: Noel Rosa, Vadico, Wilson Batista, Braguinha, Ataulfo Alves, Ary Barroso, Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins, Cartola, Custódio Mesquita, Luís Peixoto, Lamartine Babo; e de fantásticos instrumentistas, como: Pixinguinha, Canhoto, Henrique Brito, K-Ximbinho, Jacob do Bandolin, Nelson Cavaquinho e muitos outros iluminados da nossa tão qualificada e expressiva música brasileira.

As décadas de 1940 e 1950 foram configuradas como a época de  ouro do samba-canção, que tem como marco inaugural a composição Iaiá (Linda Flor) dos compositores Henrique Vogeler e Cândido Costa, na voz de Aracy Cortes, no ano de 1929. Vale a pena lembrar e registrar as belas e deslumbrantes interpretações de Francisco Alves, Mário Reis, Vicente Celestino, Orlando Silva, Dock Farney, Lúcio Alves com suas vozes inigualáveis. Tempo inesquecível da música brasileira.

A partir do final da  década de 1950, surge um novo e revolucionário gênero musical: a Bossa Nova derivado do samba e com influência do Jazz. Um toque de violão diferente e ousado fez a diferença. Seu maior representante, a figura exótica, esquisita, do genial baiano de Juazeiro, João Gilberto, interpretando o Barquinho” e “Chega de saudade. Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Carlos Lira, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Carlos Miéle, Nara Leão, Elizeth Cardoso, Hianto de Almeida completavam o grupo de jovens da zona sul do Rio de Janeiro, precursores do novo gênero musical.A sequência dos bons tempos musicais chega com  os  baianos, criando o movimento Tropicália ou Tropicalismo, que surgiu sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira, como o rock nroll. Seus maiores representantes foram: Torquato Neto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Maria Bethânia e Gal Costa.

Surgem os Festivais da Canção, que mexem e  infernizam o movimento musical brasileiro. Nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil  Edu Lobo, Geraldo Vandré, Elis Regina, os irmãos Vale, Jair Rodrigues, Roberto Carlos dão uma nova roupagem no cenário musical brasileiro.

O país entra em regime ditatorial militar e a censura cai em cima dos compositores e muitas letras são censuradas e retiradas do mercado. Mesmo assim, a produção é rtil e de boa qualidade.

Na área pop acontecia o crescimento do rock, denominado de iê-iê-iê, o que originaria o fenômeno Jovem Guarda, popularizado a partir do final da década de 1950 pelos pioneiros Sérgio Murilo, Tony e Celly Campello, que atingiu sua melhor fase nos anos de 1965 até 1967, que teve como seus grandes e maiores representantes os parceiros Erasmo Carlos, Roberto Carlos e Wanderléa.

Depois do regime de força, tivemos uma baixa considerável na nossa boa produção musical, o que deu brecha e estimulou  a criação de muita coisa ruim, inconcebível e imprestável para os nossos ouvidos (não sei distinguir que gênero).

Surgiram letras musicais agressivas e sem conteúdo algum. E, acreditem, com um índice altíssimo de aceitação e aprovação na mídia televisiva e radiofônica. Suas letras, quando usam a mulher como forma de inspiração, vai, de forma agressiva, grosseira e humilhante, denegrindo a pessoa feminina fonte eterna de inspiração dos grandes e imortais poetas e modinheiros de outrora.

Vejamos o que o tempo mudou:

    Composição: Gostoso demais

    Compositores/Intérpretes: Dominguinhos/

    Nando Cordel

    É tão difícil ficar sem você

    O teu amor é gostoso demais

    Teu cheiro me dá prazer

    Quando estou com você

    Estou nos braços da paz

    Em troca:

    Composição: Mulher é foda

    Compositores/Intérpretes: Os Hawaianos

  

     Mulher é bagulho doido

    Te ilude, te trai, fala que te ama

    Mulher é bagulho sinistro

    Te arranca dinheiro, te faz sinistro

    Composição: Rosa

    Compositores: Pixinguinha/Otávio de    

    Souza

    Intérprete: Orlando Silva

   Tu és a forma ideal

   Estátua magistral

   Oh alma perenal

   Do meu primeiro amor

   Sublime amor

   Em troca:

   Composição: Que tiro foi esse

   Compositor/ Intérprete: Jojo Todynho

   Que tiro foi esse?

   Que tiro foi esse que tá um arraso?!

   Que tiro  foi esse, viado?

   Samba na cara da inimiga

   Vai, samba

O tempo mudou. Pioramos muito. Não?!

 

Berilo de CastroEscritor

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Uma resposta

  1. Parabéns Berilo por expor toda esta bagagem sobre a verdadeira Música que filosofava com nossos sentimentos sem feri-los brutalmente como infelizmente acontece nos dias de hoje, que é esquecida com no máximo dois messes por não transmitir verdades com ridículas letra explorando e denegrindo as pessoas. Obrigado por me levar ao meu passado pois continuo vivendo e curtindo Sou admirador da Família Castro .

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