NÃO SE APAIXONE POR MIM – 

Sim, este é o título da minha crônica desta semana: não se apaixone por mim… Bom, eu sei que seria bem mais fácil indicar um livro excelente, um lugar/cidade/país estupendo, um restaurante com uma culinária formidável, um filme que ficará marcado para o resto de sua vida, mas urge a necessidade em lhe dizer que este é um daqueles conselhos que não se vende por dinheiro algum.

Tudo bem se a minha compulsão por tagarelice não toma jeito e nem consegue se conter, nem mesmo a minha autoconsciência é capaz de me calar. Diante de tanta bobagem você poderá até dizer que o conselho não foi solicitado, por tanto, estará isento de lê-lo. Só achei que poderia contribuir com algumas informações relevantes e determinantes diante de tal possibilidade.

Deixa pra lá, se dane a ética, educação e bons modos, vou rasgar de uma vez por todas, afinal, eu não sou baú para guardar segredos: NÃO SE APAIXONE POR MIM! Vai que você descubra que eu sou fantástica e terrivelmente irresistível, e caia “tesinho”, ficando de quatro por mim.

Agora, se isso acontecer, pode crer, vai ser por sua conta e risco. Não me responsabilizo pelos efeitos colaterais de se apaixonar por uma gordinha, morta de linda, que ama inventar moda e que não descarta nenhum modelo mais ousado e atrevido, pois, há tempos mandou o preconceito ir pastar, lá naquele lugar.

Diz o dito popular que “quem avisa amigo é”, então se prepare para saber que adoro dar boas gargalhadas e rir das minhas próprias marmotas. Adoro acordar nas madrugadas para contemplar a lua, contar estrelas e fazer amor. Pela manhã, não abro mão em manter meus rituais de cuidados com o corpo e mente. Amo gente cheirosa, adoro perfumes.

Quando pensamos que os conselhos se esgotaram, lá vem de novo: NÃO SE APAIXONE POR MIM… principalmente se você é daquele povo que não gosta de ver mulheres dançando, ao som de músicas alegres, de braços abertos, girando em volta do próprio corpo, isto, sem motivos aparentes para extravasar. Tudo é sem certezas e sem garantias, já imaginou a cena perturbando suas verdades?!

Pois bem, não posso esquecer de lhe dizer que não me dê flores, elas murcham, tem prazo de validade, tempo finito. Se pensar bem me dará um vasinho com plantas, para que eu possa regá-las todas as manhãs, contando-lhes a mais sublime verdade: quando se cultiva o bem, se colhe o bem. Ah, quanto aos chocolates, balas e doces, não precisa esconder de mim, no entanto, se tiver de esconder algo, esconda “Pé na areia, a caipirinha, água de coco, a cervejinha”, a pipoca, o mar…

Um último aviso, não me roube a alegria de viver as coisas pequenas, estão nelas as maiores felicidades, as grandes preciosidades. Outra coisa, afaste-se e nunca tente arrumar minhas bagunças, é lá que me organizo, me encontro e escondo os melhores pedaços de mim.

Não, não me queiras, me ouça, sou completamente louca, livre, leve, solta, alegre, indomável, inteira e sem reservas, do tipo que não saberia amar pela metade. Por derradeiro e finito, NÃO SE APAIXONE POR MIM, pode ser que você goste, eu também corro o risco de gostar, aí lascou tudo, pois, não haverá garantias, tendo em vista que a única certeza é a de que o amor será sem moderação.

Apaixonar-me? Eu nem queria mesmo.

 

 

 

 

 

Flávia Arruda- Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]

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