NARCISO: UM PARANOICO –

A mitologia grega se constitui, desde milênios atrás, no mais importante portal da gnose humana, a desvendar as vicissitudes dos terráqueos, dando-lhes a singularidade do conhecimento, mediante a metamorfose universal da deificação.

Planos esotéricos da mortalidade e da imortalidade compõem a historicidade mitológica greco-romana, a gerar uma literatura transcendente, mítica, a exibir-nos na configuração metafísica a grandeza dos saberes e
suas diatribes.

Todo o ser humano deveria ler ou saber acerca da obra Metamorfoses, do poeta romano Ovídio (43-18 d.C.), embasada na mitologia dos helenos, onde ele narra o Mito de Narciso, filho da ninfa Liríope e de Céfiso, Deus dos Lagos.

Narciso era lindo. Chamava atenção por sua beleza física. Seus pretendentes, meninas e meninos, disputavam-nos, mas Narciso desprezava a todos, quando Nêmesis – Deusa da Vingança, puniu-o.

Conta-nos a mitologia que Narciso, ao olhar para um espelho d ́água, numa fonte, viu-se refletido por bela imagem, dele mesmo, chegando à convicção de que não era correspondido, constatando a sua arrogância e insensatez.

A paranoia é descrita pela medicina psiquiátrica, assim: “sensações de caráter irracional e persistente que um indivíduo tem em relação aos outros e ao mundo.”

A sintomatologia é descrita de forma pontual:

a) “ISOLAMENTO VOLUNTÁRIO DE MOMENTOS SOCIAIS;
b) SENTIR-SE FACILMENTE OFENDIDO;
c) COMPORTAMENTO DEFENSIVO E HOSTIL;
d) NÃO SER CAPAZ DE ACEITAR CRITICISMO E PERDOAR QUEM LHE CAUSOU
MAL;
e) NÃO CONSEGUIR CONFIAR EM OUTRAS PESSOAS E
f) SUSPEITAR DE TUDO O QUE OS OUTROS FAZEM.”.

O tratamento doentio, psicótico, deve ser realizado por tratamento da psicoterapia psicodinâmica, vez que no Brasil o enquadramento legal dos loucos de toda a espécie, contido no artigo 5°, do anterior Código Civil, foi extinto, a gerar a dispersão dos malucos e doidos, fora dos hospícios.

Dizem, à boca pequena, de forma hilária, que tem paranoico até em ministérios, o que desconheço em minha pequenez intelectiva.

A psiquiatria enquadra o narcisismo, tecnicamente, como Transtorno de Personalidade Narcisista, que se constitui num desvio que afeta a mente da pessoa por completo.

O Mito de Narciso teve reflexos horrendos durante a Revolução Francesa, em pleno período do Terror Jacobino, onde pessoas eram guilhotinadas por pensar diferente. À época, Nicolas Jacques Pelletier foi a primeira pessoa a ser guilhotinada (15.4.1792) e, depois, mais de 15.000, entre elas a rainha Maria Antonieta.

A insanidade não tem fim e os loucos estão soltos em todas as épocas!

 

 

 

 

 

José Carlos Gentili – jornalista

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