Nelson Freire
Natal quando está chuvosa não é tão bonita assim. Pelo menos, eu não acho muito. O céu acinzentado, a chuva e uma temperatura mais amena não é lá o nosso forte. Até porque os problemas que geralmente decorrem dessa mudança de clima não são nada atraentes. E isso acontece certamente porque a cidade cresceu bastante nos últimos anos e passou a carecer de uma melhor infra estrutura para suportar a chuvas fortes. Que atingem principalmente os bairros da periferia.
Na verdade esse é um problema de todas as capitais. Tanto que as noticias de alagamentos e deslizamentos fazem parte dos noticiários de todos os meios de comunicação e dizem respeito a todas as partes desse Brasil continental. O que demonstra logo de saída uma falha dos gestores, ou até mesmo a falta de vontade de alguns deles em promoverem a busca de soluções reais para esses graves problemas. Até porque essas soluções são subterrâneas e não rendem quase nada politicamente.
Por isso, quando as famosas frentes frias e os sistemas de alta pressão tão decantados pelos metereologistas começam a ameaçar o nosso céu azul e o nosso sol abrasador, já fico com medo dos desastres que podem decorrer disso. Como a lama que atrapalha o trânsito na Moema Tinoco, na Zona Norte, ou deslizamento do morro em Mãe Luiza, que aconteceu em 2014 e completou um ano no dia 13 de junho passado, embora os serviços de recuperação já estejam sendo realizados pela nossa Prefeitura. Ainda bem, em fase de conclusão.
As poças nas ruas, as dificuldades no trânsito, os acidentes, o aumento do risco da dengue, uma gama de inconvenientes surgem num piscar de olhos. Coisas que servem para testar a paciência dos natalenses, dos turistas e dos que estão aqui em trânsito. Como de resto, de todos os brasileiros que moram nas capitais ou nas grandes cidades. Com a chegada do outono-inverno tudo isso é muito normal, infelizmente.
Por isso que eu aprecio mais a nossa cidade com o sol à pino e com sua temperatura em torno dos 30 graus.Deixando claro que gosto de sentir o friozinho das noites. Mas fico temendo pelos que moram em casas construídas à beira de avenidas e ruas que sofrem com a falta de galerias pluviais. Ou aquelas que não possuem calçamento. Ou ainda, temo pelos que moram em falésias ou dunas. Essa é uma preocupação real que me tira muitas vezes o gosto de sentir e curtir o frio dessas noites, comuns em junho e julho.
Assim, fico pedindo a Deus que fale com São Pedro para que as chuvas caiam de forma branda, menos intensa. E que o sol volte a brilhar com intensidade. Aquecendo a alma, os corpos e os nossos corações. Para que Natal continue a ser, como chamou Cascudo, a Noiva do Sol. Ou, como escrevi numa canção, tempos atrás, a Eterna Cidade do Sol.
Nelson Freire – Economista, Jornalista e Bacharel em Direito
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