NATAL, CIDADE DAS ARTES –

Quando o prefeito Álvaro Dias decidiu revitalizar a Cidade Alta, trouxe de São Paulo o artista Dicésar Love para decorar o boêmio e tradicional Beco da Lama. O Secretário de Cultura, Dácio Galvão, gestor competente e inventivo, sugeriu que o artista paulista retratasse o Mestre Cascudo no início da rua e convocou a participação dos artistas locais. Nada menos de 50 artistas plásticos compareceram para dar cor, forma e feição estética, no interesse local e turístico.

A imagem é sinal do nosso tempo e é sagrada na linguagem de Jorge Luís Borges.

Toda cidade tem sua vocação, sua preferência, a sua identidade. Há cidades masculinas assim como há as femininas, penso. Rio de Janeiro, Paris e Florença são femininas; já São Paulo, Milão e Londres são masculinas. É possível observar a máscula beleza de Viena e a delicada e musical Salzburgo.

A curvilínea cidade do Natal é essencialmente feminina. Assim, as elegantes curvas do Potengi, as dunas verdes, as ondas do nosso mar, as ameias e contornos da Fortaleza dos Reis Magos e as sofridas ruínas da velha Ponte de Igapó. É verdade que Natal não tem a portentosa beleza do Rio, mas tem o encanto sutil das belas paisagens em seus cantos e recantos.

Natal gosta de ser bonita, de se enfeitar. Como tal se comporta e tem atitudes de mulher alfa. Sabe seduzir e tem tendência à celebração. Por isso e por tudo mais que consta, é cidade amada.

O natalense, incluídos os natalizados pela vivência, busca aumentar a sua sedução nas artes visuais, notadamente, na pintura, desenho, fotografia, gravuras, artesanato. Na escultura, temos Abraham Palatnik, o inventor da arte cinética. São multiartistas pela aplicação diversificada do talento Dorian Gray Caldas e Newton Navarro. Temos ópera na genialidade de Danilo Guanais e Diana Fontes. Certamente, a Metrópole Digital Ivonildo Rêgo está fazendo e irá produzir obras mestras na arte digital.

A nossa música merece um destaque especial, como bem demonstra o livro da pesquisadora Leide Câmara, “Dicionário da Música do Rio Grande do Norte”. Entre os nossos ícones tivemos Aldo Parisot, um dos maiores violoncelistas do mundo, professor da Universidade de Yale, o maestro Waldemar de Almeida e o pianista, compositor Oriano de Almeida. A música popular ganhou composições de Tonheca Dantas, Chico Elion, como se beneficia com todos os ritmos de um Roberto Lima e o da flauta maravilhosa de Carlos Zens. Em termos de conjuntos, são maravilhosos, a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte e o Grupo de Cellos da UFRN. Surpresa: Em solenidade de posse, o Grupo apresentou como solista o doutor engenheiro, Reitor José Daniel Diniz Melo.

A multiplicidade de apelos e a dedicação estética fazem nossa terra merecer o nome de Cidade das Artes.

Na verdade, os nossos artistas são amantes do ofício, apesar da baixíssima remuneração. Poucos conseguem viver dignamente com o fruto do seu trabalho. A maioria acredita num futuro reconhecimento. São na noite vaga-lumes como no verso de Chico Buarque: “Ser artista na cidade é vestir um farrapo…”. Valorizemos os nossos artistas: eles dão transcendência à vida.

Esta é também uma declaração de amor à Cidade da Beleza, das Artes, dos Artistas.

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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