NATAL DE 1928 –
A cidade era do Rio Grande, para Câmara Cascudo não haveria este apêndice do Norte. A revolucionária Revista de Antropofagia publica um artigo dele, revelador do amor e o louvor consequente à nossa terra.
Quando se refere aos habitantes, Natal já contava 3.500 “patriotas”, era uma cidade-príncipe, porque filha de rei. A referência parte do fato de que o poderoso rei Felipe II, da Espanha, mandara criar a cidade. Tínhamos Campo de Aviação da Latecoere, a empresa francesa pioneira que nos trazia notícias da Europa com apenas trinta horas dos acontecimentos. Foot-ball e tênis aqui já se jogavam. Tínhamos automóveis, bondes, “auto-ônibus” e nada menos do que cinco farmácias. Publicava-se dois jornais diários.
A singularidade maior é que era o único Estado do Brasil no qual as mulheres votavam. Outra novidade, o presidente da província (governador) guiava automóvel e viajava de avião. A economia ia bem com o sal de Macau, algodão do Seridó, produzíamos cera de carnaúba e açúcar nos quatro vales verdes. Uma boa boiada fazia lembrar que, historicamente, chegamos a alimentar Pernambuco com 16 mil cabeças de gado.
Em termos de cultura e educação, a sensibilidade aflorava com poetas e poetisas, elegantes cronistas. Funcionavam o Instituto Histórico (1902) e a Escola Doméstica (1916), número um no Brasil. Dispúnhamos ainda de uma livraria e duas casas de livros. O Aeroclube contava com dois aviões e seis campos de pouso no sertão.
O Mestre lamentava que não houvesse uma Academia de Letras, que ele só veio a fundar oito anos depois.
Cascudo relembra todas as alegrias lúdicas: festas, bailes, autos populares, lapinhas, bumba meu boi e pastoris. Cita bela expressão tirada de um festejo popular: “Acorda quem está dormindo na serena madrugada, venham ver o Rei do Congo, general da nossa armada”.
A sua vinculação com a capital potiguar era tão grande que, muitas vezes, em correspondência amiga, assinava Luís Natal.
Sua colaboração com a Revista aconteceu na primeira fase (chamada de primeira dentição). Nessa fase, a revista era dirigida por Raul Bopp e Alcântara Machado, publicada no jornal Diário de São Paulo, dirigido pelo admirável filho de Ceará Mirim Jaime Adour da Câmara. O Mestre estimulou seus amigos Jorge Fernandes e Ascenso Ferreira a participarem.
A publicação nasceu a partir da pintora Tarsila do Amaral com seu famoso quadro, hoje valorizador de museu argentino, “Abaporu”, que significa antropófago em Tupi. Raul Bopp sugeriu a Oswald de Andrade que criasse o movimento e ele escreveu o delicioso e revolucionário Manifesto Antropofágico.
Para fazer a ilustração do artigo, Câmara Cascudo escolheu o jovem Santa Roza (19 anos) que depois se tornou o mais famoso do País. Era uma época de literatura efervescente com participação de muitos ícones da intelectualidade brasileira. Cascudo fez amizade e se correspondeu com a maioria deles. Escreveu-me peculiaridades dos novos amigos daquele tempo. Um detalhe, nas suas palavras: Tarsila foi a mais fascinante e bonita mulher que ele conheceu na vida…
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN
DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,8010 DÓLAR TURISMO: R$ 6,0380 EURO: R$ 6,0380 LIBRA: R$ 7,2480 PESO…
A Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte divulgou nesta quinta-feira (21), a publicação…
O Natal em Natal 2024 começa oficialmente nesta sexta-feira (22) com o acendimento da árvore natalina de…
Você já ouviu que beber algum líquido enquanto come pode atrapalhar a digestão? Essa é…
O fim de semana em Natal tem opções diversas para quem deseja aproveitar. Alcione e Diogo Nogueira…
1- O potiguar Felipe Bezerra conquistou o bicampeonato mundial de jiu-jitsu em duas categorias, na…
This website uses cookies.