NATAL E SEUS CAFÉS DE ANTIGAMENTE –
Nossa cidade hospitaleira possui praias com encantos para o turismo, uma vida cultural e social repleta de atrativos, várias universidades e distrito industrial. Os que nos visitam falam com entusiasmo do progressivo engrandecimento da Capital do nosso Estado.
Em tempos idos desfrutava de diversos cafés, ponto de encontro de seus habitantes, registrando episódios, brincadeiras e confraternizações dos seus freqüentadores.
Os principais eram: na Ribeira – Café Chile, Bar Antártica, Bar do Oscar Rubens (depois Copa da Onça), Anaximandro, Aero Bar, Bar Internacional, Gato Preto, Café Esporte, Café Globo, Bola de Ouro; na Cidade Alta – Potiguarana, (mais tarde Magestic), Roial, Café ABC, Taco de Ouro, Bilhar Rio Branco, Café Avenida (depois Grande Ponto), Café de Andrade, Café Maia (posteriormente Dois Amigos), Breu, Café do Serrano.
O bairro da Ribeira era assim denominado, porque a praça André de Albuquerque constituía-se de uma campina invadida pelas marés do Rio Potengi.
Apresentava terras baixas e alagadiças inundadas por águas estagnadas e apenas alguns trechos ficavam a descoberto nas marés altas do mês de janeiro.
Era o bairro comercial da cidade, onde se estabeleciam as principais firmas do comércio grossista, as grandes casas e os empórios atacadistas.
Nos cafés a freqüência era traduzida por convivência instrutiva e educado trato, indistintamente da classe social.
Entre os sambas cantados, estaria incluído o de Noel Rosa e Vadico intitulado Conversa de Botequim, com a letra “Seu garçom faca o favor/de me trazer depressa/uma boa média que não seja/requentada/um pão bem quente/com manteiga a bessa, vá dizer ao seu gerente/que pendure, essa despesa/no cabide/ali, em frente”.
As conversas dos presentes eram em torno da alegria de um amor iniciado, saudade em um coração sofrido, insônia por um compromisso financeiro não cumprido, solidariedade que faltou de um companheiro ou a ausência de uma palavra amiga.
O ambiente era festivo de amizade, confiança e estima e naquela época não havia briga e nem desentendimento mais sério.
Os freqüentadores dos cafés também se irmanavam nos carnavais da cidade com canções cujas letras se concentravam nas figuras do pierrô infeliz e sentimental, da colombina infiel, do arlequim irônico e sedutor e do palhaço cortejador.
A Cova da Onça que iniciou suas atividades em 1926, com Vicente Romano, na Travessa Venezuela e encerrou suas atividades em 1946, foi o centro de todos os cafés de Natal.
Era freqüentado pelas personalidades mais destacadas da cidade. Diariamente estavam presentes: autoridades oficiais, empresários, comerciantes, viajantes e as pessoas que visitassem Natal.
Na movimentação dos presentes se conversava sobre fatos novos, esporte, negócios, literatura, declamava-se e contavam-se anedotas.
Embora alguns cafés não vendessem o produto principal, eram assim chamados pela comunidade, portanto Bar e Restaurante estavam também nessa classificação.
Todos tiveram a sua fase áurea conservando as suas portas abertas durante espaço de uma época feliz e importante na história de Natal.
Passagens e paisagens que ficaram gravadas e hoje são relembradas pela beleza contida em diferentes e diversos instantes de emoções.
Lenilson Carvalho – Dentista e escritor