NATAL INVADIDA –
A terra originalmente dos índios tapuias, depois invadida pelos índios potiguares, que “recepcionaram” os primeiros portugueses no Brasil, aportados no município de Touros no Rio Grande do Norte, sempre conviveu com invasões…
Natal e suas invasões deixaram, de certa forma, traços culturais para o desenvolvimento da cidade, mesmo anterior aos seus 421 anos de fundação.
A exemplo da invasão e expulsão dos franceses, onde tivemos a construção do forte dos Reis Magos, assim como, a invasão holandesa, onde a fortaleza, que antes era de taipa, passou a ser de alvenaria e na arquitetura de muitos prédios da velha Ribeira.
Séculos depois Natal recebeu a invasão dos americanos no período da Segunda Guerra Mundial, que contribuíram fortemente na aceleração do crescimento da cidade, com a construção das bases aérea e naval, além de toda a influência cultural na terra que viu a primeira garrafa de coca-cola e o primeiro jeans do país.
Belíssima, Natal, recebeu décadas depois a invasão de gente de todas as regiões do país, principalmente nas décadas de 70 e 80 do século XX, no “boom” do crescimento do Estado brasileiro, para ocupação dos cargos públicos nas repartições, nos quartéis e na universidade federal.
Por muitos anos, Natal foi o paraíso para os funcionários públicos, sem indústria e dependendo do poder público, a cidade cresceu nas atividades de comércio serviço, até a invasão dos turistas no início da década de 90 do século passado.
Os turistas deram pujança no crescimento da cidade, hotéis e pousadas se multiplicaram, atraindo uma onda de empreendedores no mercado imobiliário, que por sua vez fomentaram o crescimento de bares, restaurantes e demais serviços.
Natal, séculos depois de sua fundação, encontrava seu caminho de desenvolvimento e crescimento, o turismo.
O que não agradou os “bárbaros” da elite do funcionalismo público, que enciumados pensam, ainda hoje, que a Cidade deveria permanecer como paraíso, como feudo, para poucos.
Sugiram uma horda de “bárbaros” querendo impedir o crescimento da cidade, sobretudo autoridades, que resultaram em hotéis e construções embargadas, com proibições absurdas.
Aos poucos os turistas e empreendedores foram embora, expulsos, como foram os tapuias, os franceses, os holandeses e americanos ao longo da nossa história.
Retrato disso foi a cena abjeta da invasão, na segunda-feira, de “inocentes úteis”, que impediram a votação dos delegados para o debate final do novo Plano Diretor da Cidade, estagnado desde 2007.
Os “bárbaros” da elite do retrocesso não querem apenas a expulsão dos turistas e empreendedores, que geram empregos e renda, na verdade, eles querem a cidade só para eles.
Deixando o natalense sem acesso à moradia, obrigados a residir em outras cidades da região metropolitana, quando não em habitações precárias e irregulares, com menos serviços, menos mobilidade, menos saúde, menos oportunidades e menos segurança.
Essa é uma dramática realidade e um alerta, ou a grande tribo dos natalenses reage contra os bárbaros da burocracia, do egoísmo, arautos do atraso, da estagnação, ou seremos os próximos expulsos de nossa cidade natal.
Por fim, parafraseando Roberto Campos, a partir de notícias que mostram que o grupelho de baderneiros foi financiado com ônibus alugado e uniforme, usando até crianças como escudo, pelos bárbaros do atraso se valendo dos “inocentes úteis, “trabalhadores que não trabalham, estudantes que não estudam e intelectuais que não pensam”, digo: — Natal não pertence a vocês!
Renato Cunha Lima – Administrador de Empresas