NATAL TEM HISTÓRIA DE VALOR –

A cidade de Natal foi fundada cem anos após a data de Descobrimento das nossas praias pelo capitão Pedro Álvarez Cabral.  Assim foi instaurado o sítio primevo, no dia 25 de dezembro de 1599. Mesma data em que houve demarcação da região pelo administrador colonial português Jerônimo de Albuquerque.

No entanto, dois povos aguerridos eram os viventes desse ensolarado pedaço litorâneo do Rio Grande do Norte. De início os tapuias oriundos de um ramo nômade, que se ocupavam do interior e do território potiguar. Essa permanência se deu por um extenso período, estimado por quase um milênio. Por volta do ano 1000, os tupis litorâneos subiram até a costa natalense e expulsaram os tapuias para dentro dos limites da terra.

Outra curiosidade ao se vasculhar documentos sobre Natal é a anteposição do artigo masculino “o” na referência ao topônimo, inclusive como está na Constituição do Rio Grande do Norte. Desse modo, é muito agradável viajar à cidade ‘do’ Natal, capital do Estado.

 Prosseguindo a história, a partir do século XVI, os potiguaras marcaram a resistência contra excursões predatórias aos bosques de pau-brasil que eram levados nos galeões para tal fim. Os portugueses retrocederam, e os piratas franceses conseguiam arrecadar a madeira em regulares sortidas. Até que sobreveio na altura de 1535 de uma frota comandada por Jerônimo de Albuquerque e o capitão Manuel Mascarenhas Homem, que opuseram certa resistência aos corsários e indígenas. Foi erigida uma fortaleza a da Barra do Rio Grande.

Entre 1633 e 1654 houve a ocupação holandesa da Companhia das Índias Ocidentais, Natal virou uma espécie de possessão de Amsterdã. Período destacado na história do Nordeste.

O notável historiador Câmara Cascudo registrou que Natal detinha uma população superior a 16 mil habitantes no final do século XIX, ainda com crescimento contido para um litoral magnífico. No século XX houve a utilização dos hidroaviões norte-americanos que desciam na foz do rio Potenji. Aviões italianos alcançaram Natal em vários raids festejados, notadamente o voo pioneiro Roma-Natal, que proporcionou um presente à cidade pelo governo fascista de Mussolini: a Coluna Capitolina, trazida por navio para tal fim. Há quem diga que o aviador e escritor renomado Antoine de Saint-Exupéry passou por Natal em uma das oportunidades de pouso da Companhia Latecoère francesa dos anos trinta, que transportaram correspondência e carga até Buenos Aires.

Veio a Segunda Grande Guerra quando se demarcou a zona citadina potiguar como o Trampolim da Vitória, consumando o alcance da Europa no reabastecimento a meio caminho, as operações se davam no campo de Parnamirim.

Após esse período latente de vivo interesse tanto do governo brasileiro quanto da administração americana, a cidade passou a um crescimento que redimensionou bairros de movimentação turística e avenidas de fácil interligação para hotéis e pousadas, como Tirol e Petrópolis. A praia da Ponta Negra se estabeleceu como ponto de referência para os visitantes. A destacar ainda que Natal atingiu a dimensão populacional de mais de setecentos mil habitantes na década de 1990, que para a segunda menor capital brasileira em tamanho territorial condiz com uma relativa redistribuição dos espaços nesta altura do século XVI.

Não há dúvida que a complementaridade à história do conjunto arquitetônico, a viva comunidade cultural e folclórica dá o tom maior à cidade luz potiguar, tão admirada pelos que a visitam.

 

Luis SerraProfessor e escritor
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