A NATUREZA É MESTRA –
A natureza ensina. Para ter certeza, basta observar e refletir. O ar nos ensina a ser transparente e a importância das coisas invisíveis. O mar, a ser receptivo. Sem discriminação recebe todos os rios. Os pássaros dão lição de liberdade e de que devemos cantar. A água, de que quase somos feitos, dá-nos exemplo de simplicidade, imprescindível à vida. O horizonte, que quanto mais nos aproximamos mais fica distante, mostra-nos a incompletude humana. A interação entre espécies de seres vivos demonstra-nos que a cooperação é proveitosa.
A natureza dá a primeira lição matemática. Galileu viu que a matemática é a linguagem do universo. E Albert Einstein, durante a sua vida, comprovou o fato. Podemos observar, em todas as coisas, a exatidão do ser, a perfeita composição de cores e formas, o ordenamento justo, a beleza.
O homem, parte importante da natureza, deve respeitá-la. Mas é triste comprovar que, muitas vezes, extrapola a sua atuação, causando danos. Outras vezes, ele tem a pretensão de reformar a natureza, melhorá-la mesmo.
Os meninos ainda se encantam com a fábula de Monteiro Lobato. Américo Pisca-pisca pensava poder melhorar o mundo. A natureza estava errada. A primeira constatação de sua tese: Era incorreto que uma enorme jabuticabeira com pequenas frutas e uma planta rasteira com uma grande abóbora, um enorme jerimum. Pensava em fazer o primeiro conserto, antes de adormecer sob o pé de jabuticaba. Acordou recebendo uma jabuticabada no nariz. Américo concluiu que seria a primeira vítima da própria reforma. Então, Américo desistiu de consertar a natureza. E continuou piscando.
Animais cooperam uns com outros e ajudam no equilíbrio ecológico. Fazendeiros relatam que os anuns pretos e as brancas garças alimentam-se com carrapatos no lombo dos bois. Neste caso, os únicos prejudicados são os parasitas. Os crocodilos dormem de boca aberta após a excessiva refeição, enquanto os pássaros-palitos fazem a sua higiene bucal. A baleia-azul, a cada dia, deposita, no fundo do mar, aproximadamente, 2 toneladas de cocô, rico em ferro, excelente nutriente das algas. As algas irão nutrir todo tipo de peixe. As lontras marinhas comem até 50 ouriços por dia, evitando, assim, o aniquilamento das algas.
No plano ecológico, a predação, normalmente, é benéfica para as espécies predadoras e para suas presas. A regulação da densidade populacional é necessária ao equilíbrio ambiental.
Todas as coisas da natureza são lições para o ser humano, que nem sempre entendem e nem aprendem a agir como seres racionais. Muitas vezes, a luta mortal é fruto da competição animal: os machos competem pelo acasalamento; as plantas competem pela luz solar; os pássaros, através do canto e da plumagem; os vagalumes pelo brilho.
Tentemos seguir o conselho do Padre Antônio Vieira: “Ser discípulo da natureza”.
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN