Eduardo Vilar
Já estava há algum tempo em La Rochelle, quando surge a oportunidade de conhecer a cidade de Rochefort, uma comuna francesa localizada no departamento de Charente-Maritime ao sudoeste da França. O principal interesse na visita a Rochefort era conhecer a réplica da Nau Victoria que estava em exposição e ancorada numa marina próxima ao centro da vila.
A história que aqui descrevo, em grande parte, foi obtida do livro do navegador Antonio Pigafetta um dos participantes da viagem marítima, idealizada pelo fidalgo Fernão de Magalhães, que nasceu em 1480 na vila de Sabrosa na região de Tras-os-Montes, Portugal e Morreu em Mactán nas Filipinas em 27 de abril de 1521, em luta contra os indígenas.
Fernão de Magalhães não se entendia mais com o rei de Portugal por compreender que o mesmo não o apoiava devidamente seus serviços e, assim, desta maneira, renunciou a nacionalidade portuguesa e passou à Espanha. Todos estes acontecimentos ocorreram no século XVI, na relevante era dos grandes descobrimentos marítimos.
Com a permissão do Imperador Carlos V, Fernão de Magalhães preparou em Sevilha uma expedição que daria a volta ao mundo e em 1519 partiu do porto de Sanlúcar de Barrameda, Espanha, com uma esquadra composta de cinco Naus; Trinidad, comandada por Magalhães; Concepción por Gaspar de Quesada; San Antônio, por Juan de Cartajena; Victoria, por Luís de Mendonza; Santiago, por Juan Serrano, perfazendo um total de 137 homens. A finalidade da expedição era descobrir as ilhas Molucas, de onde vinham as especiarias.
Segundo Pigafetta, a esquadra capitaneada por Fernão de Magalhães partiu em 20 de setembro de 1519 de Sanlúcar e, após seis dias de trajeto, chega a uma das ilhas Canária, Tenerife, ali, aporta por três dias para o reabastecimento. A viagem segue pelo Oceano Atlântico num clima com muitas oscilações meteorológicas, ora com sol escaldante, seguida de tempestades e ventos fortes. As embarcações ao passarem a linha equinocial tomam um rumo na direção da “Terra do Verzino” nome este dado ao pau–brasil. Em 13 de dezembro as naus entram em um porto com águas calmas, era a terra do Brasil. Esta terra tinha abundância em todos os tipos de produtos e era tão extensa, como a França, Espanha e Itália juntas e que pertencia ao reino de Portugal.
Os brasileiros, de acordo com os escritos, não eram cristãos, tampouco eram idólatras, porque não adoravam nada, o instinto natural é a única lei. Todos andavam nus e moravam em grandes cabanas que podiam abrigar mais de cem pessoas. Eles pintavam o corpo, principalmente o rosto e usavam adornos nos lábios. Dependendo da situação eram antropófagos, comiam carne humana, mas, somente dos inimigos e utilizavam embarcações feitas de troncos de madeira chamadas de canoas.
Após 13 dias em terra firme a esquadra retoma a rota costeando o Brasil em direção ao Polo Antártico, e ao longe avistaram duas ilhas repletas de pinguins e lobos marinhos e, por serem tão mansos, foram abatidos para reabasteceram às naus. A expedição continuou e durante muitos dias sofreram terríveis tempestades com mares revoltos até que em maio de 1520 encontraram um bom porto e como o inverno se aproximava resolveram fundear suas naus.
Havia se passado dois meses naquela paragem sem que avistassem nenhum habitante, quando de repente, surge um homem de aspecto gigantesco, mas amistoso. Contatos foram feitos com esse gigante que os conduziu ao interior da ilha. Durante a caminhada encontraram outros gigantes e suas mulheres, todos andavam vestidos com peles de animais.
Eduardo Vilar – Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista, Escritor, membro do IHGRN
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