Eduardo Vilar
O capitão geral da esquadra, Fernão de Magalhães, conseguiu aprisionar dois gigantes e os embarcou em uma das naus. A convivência não era fácil e uma das maneiras de acalmá-los consistia em dar-lhes alimentos, eram verdadeiros glutões, comiam de tudo, principalmente de carnes cruas e por terem pés enormes que pareciam patas, foram denominados de Patagões.
Em certo momento da viagem foi armado um plano para assassinar Magalhães, os traidores eram Juan de Cartagena, Luis de Mendonza e outros. Descoberto o complô a pena foi o esquartejamento de Juan de Cartagena e expulsão dos outros que foram abandonados na terra dos patagões. Outro acontecimento relevante foi o naufrágio da Nau Santiago que bateu nos arrecifes.
Muitos meses se passaram e muitos acontecimentos aconteceram durante a viagem, mas em 21 de outubro de 1520 os navegadores descobriram um estreito que acreditavam ser passagem para outro oceano. As naus Santo Antonio e Concepción foram designadas para averiguar a passagem e, nesse interim, encontram muitas baias e canais. A nau Santo Antônio, capitaneada por Esteban Gómez, que não tolerava Magalhães, aproveitando-se da escuridão refez o caminho já percorrido e retornou a Espanha. Com as naus Trinidad, Concepción e Victoria atravessaram o estrito que o denominaram de Estreito dos Patagões e desbocaram no mar.
A saída das naus do estrito para entrar no imenso mar, se deu em novembro de 1520. A navegação por este oceano perdurou por três meses, sem que houvesse uma só tempestade, sendo assim, este oceano foi denominado de Pacífico. Todavia, períodos difíceis aconteceram principalmente em relação aos gêneros alimentícios, pois não havia nenhuma alimentação nova, fresca. Este foi um momento de penúria extrema que as tripulações passaram e para não morrer de fome eles comiam pedaços de couro, serragem de madeira e até ratos. Muitas enfermidades ocorreram neste período, além dos mortos outros tantos ficaram gravemente doentes.
Em março de 1521 os navegadores depois de uma penosa e longa viagem encontraram uma ilha e atracaram as naus. Ao desembarcarem avistaram uma canoa que se aproximava, Magalhães fez gestos visuais e contatos foram realizados. O capitão ofereceu gorros vermelhos, espelhos e outras bagatelas em troca de comida. Os ilhéus encantados com os presentes, ofereceram pescados, bananas e um jarro de vinho de palmeiras.
Os ilhéus se familiarizaram tanto com a expedição que os marinheiros puderam aprender nomes de muitas coisas, sobretudo, o da ilha, que se chamava Zúluan. Para demonstrar amizade os nativos levavam para as naus cravo, canela, pimenta nos moscada e até ouro.
As naus continuaram com a navegação e muitas outras ilhas foram visitadas, como a Cenalo, Huinangan, Ibusson e Abarien. Algumas destas ilhas tinham reis que adotavam todo um cerimonial com os visitantes. Em todas essas ilhas o capitão Fernão de Magalhães introduzia a religião católica aos nativos e fincava uma cruz num lugar mais alto da ilha, ao mesmo tempo em que, determinava a obediência ao Rei da Espanha. Ao encontrarem a ilha de Mactán novos contatos foram feitos com os nativos cujos chefes eram Zula e Cilapulapu. O chefe Cilapulapu não aceitou reconhecer a autoridade do Rei da Espanha. Fernão de Magalhães então armou 60 homens e, a meia noite partiu da nau em três chalupas em direção a Ilha, chegando ao alvorecer. Um mensageiro foi enviado à ilha com o intuito de esclarecer a Cilapulapu que ele deveria obedecer a soberania do rei da Espanha, a religião católica e pagar tributos, caso contrário, seriam considerados inimigos.
Os nativos eram numerosos em torno de 1500 homens e ao virem as três chalupas se aproximarem da ilha partiram para o ataque, usavam lanças e atacavam em três frentes, a defesa do capitão e seus comandados revidaram com tiros e flechas, mas eles usavam escudos de madeira e quando os atingiam os ferimentos eram leves. Num determinado momento Magalhães foi atingido por uma lança de ponta de ferro, mas não esmoreceu, ordenou aos seus comandados que tocassem fogo nas cabanas dos ilhéus, o que os fez mais enfurecidos aumentando a luta desigual, até que um nativo acertou Magalhães com uma flecha envenenada em uma de suas pernas, fazendo-o cair inerte n’agua. Esta batalha com os ilhéus aconteceu em 27 de abril de 1921, data alusiva da morte de Fernão de Magalhães.
Eduardo Vilar – Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista, Escritor, membro do IHGRN
Nota do autor
Em vez de 1921 substituir por 1521