O partido Likud, do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está na frente com uma vantagem apertada sobre a coalizão centrista Azul e Branco, de Beni Gantz, com 97% dos votos apurados, após as eleições legislativas realizadas na terça-feira (9).
Apesar da ligeira vantagem, as projeções apontam que o Likud deve obter o mesmo número de cadeiras (35) no Knesset (o Parlamento israelense) que o de seu principal adversário, o partido Azul e Branco, do general Benny Gantz.
Porém, Netanyahu e seu partido têm maior capacidade de fazer alianças. Assim, o Likud e um grupo de partidos aliados da direita poderão formar uma coalizão e garantir 65 do total dos 120 assentos do Knesset, que é o suficiente para consolidar a maioria e formar o novo governo.
Ainda durante a apuração, Netanyahu reivindicou a vitória em um discurso para os integrantes de seu partido e seus apoiadores em Tel Aviv. Ele considerou ter obtido “uma tremenda vitória”.
Netanyahu busca seu quarto mandato consecutivo e quinto no geral, incluindo um período em que esteve no poder nos anos 90. Caso confirme mais uma vitória, ele garante um lugar na história como o primeiro-ministro a passar mais tempo no cargo, superando o fundador de Israel, David Ben-Gurion.
O general Benny Gantz também comemorou o desempenho do partido Azul e Branco. “É um dia histórico, mais de um milhão de pessoas votaram em nós. O presidente deve nos atribuir a responsabilidade de formar o próximo governo porque somos o partido mais importante”, declarou.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a vitória de Netanyahu é “um bom sinal para a paz” e que ele deve conseguir atingir a paz no Oriente Médio.
A participação eleitoral nessas eleições foi de 4.016.310 eleitores, cerca de 67%, quase 4% a menos do que nas últimas eleições legislativas, em 2015, informou o jornal “Times of Israel”.
A campanha eleitoral de três meses se concentrou muito mais nas pessoas do que em temas. Netanyahu tentou retratar seu oponente como fraco e inexperiente. Gantz, por sua vez, tentou capitalizar uma série de investigações de corrupção contra o premiê. O procurador-geral de Israel recomendou que Netanyahu seja acusado de suborno e violação de confiança, mas ele nega qualquer irregularidade.
Governo de coalizão
Nenhum partido israelense conseguiu uma maioria absoluta até hoje, o que força os partidos maiores a formarem blocos com aliados menores.
Por isso, após a confirmação dos resultados, dá-se início a um período de intensas negociações para formar um governo de coalizão nos próximos dias.
Após a eleição, o presidente de Israel se reunirá com chefes de partido e selecionará o partido que ele acredita ser mais capaz de formar uma coalizão. Esse partido – geralmente, mas nem sempre a maior legenda – tem quatro semanas para formar a coalizão. Um novo governo terá mandato de quatro anos, mas divergências entre partidos muitas vezes resultam em eleições antecipadas.
Se nenhum dos grupos for capaz de formar uma coalizão, Israel poderá enfrentar a perspectiva de uma segunda eleição ainda em novembro deste ano.
Palestinos
Na terça-feira, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, expressou seu desejo de que essas eleições tragam a paz e disse estar preparado para retomar as negociações se o direito internacional for respeitado.
Mas, diante dos dados, os resultados que dão vantagem a Netanyahu, o negociador palestino Saeb Erekat disse que os israelenses disseram nas urnas “não à paz”.
“Os israelenses votaram para manter o status quo. Disseram ‘não’ à paz e ‘sim’ à ocupação”, avaliou Saeb Erekat em um comunicado.