NO PAÍS DAS FLORES –

​O país que conquistou do mar parte do seu território, que produz, desde o século XII, os melhores queijos do mundo e é ainda mais notável pelo domínio das flores. Os moinhos são símbolos do que foi essencial para a irrigação, por conseguinte, para a vida do homem no campo. Assim como os tradicionais tamancos de madeira, hoje, eles servem para fotos de turistas felizes.

Na primavera, as flores, plantadas em mais de 25 mil hectares, estão nas casas, nos canteiros das ruas, nas estações de transporte, nos parques. O parque Keukenhof fica acerca de uma hora de Amsterdã. É um delírio o maior jardim de tulipas do mundo (símbolo nacional), mas também lírios, narcisos, jacintos, dálias, gérberas, hortênsias, rosas.
​Normalmente, associamos aos Países Baixos as tulipas de tom avermelhado. Todavia, são mais de três mil espécies com formas, cores e cheiros diferenciados. Renderam, com a exportação, no ano passado, 680 milhões de euros. A tulipa não é nativa, mas originária da Turquia. O nome é persa, talvez pela semelhança com um turbante.
​No século XVII, as tulipas valiam ouro. Levam um quarto de século para se criar uma nova espécie dessas flores. O prestígio delas foi aumentado quando Alexandre Dumas escreveu a novela “A Tulipa Negra” (1850), que se tornou best-seller. É uma história de inveja, traição, amor. Uma associação ofereceu cem mil moedas de ouro para quem conseguisse criar a flor dessa cor. Até hoje, ninguém conseguiu perfeitamente. Dumas considera a mais bela das flores e garante: “Quem despreza a tulipa ofende enormemente a Deus”. A promessa do prêmio faz sonhar tanto que, quando cheguei, a minha secretária Shirlene perguntou: “O senhor viu uma tulipa negra?”.

​Vale a pena visitar o mercado flutuante de flores em Amsterdã, sempre cheio de pessoas interessadas na beleza ou na compra de bulbos ou de flores.

​Os artistas plásticos holandeses exibem preciosidades florais e históricas. A Van Gogh, cuja Pietá é o seu autorretrato, não passou despercebida a temática. Foi cognominado como O Pintor dos Girassóis. Sete telas suas são obras-mestras.

​Maurício de Nassau, o príncipe do domínio holandês no Brasil, está presente como escultura no fantástico Museu de Haia, a casa que ele mandou construir nessa cidade. Entre outras preciosidades em Rembrandt de van Rijn, está Vermeer. Com a mais bela e expressiva pintura: “A Moça do Brinco de Pérola”. O quadro de apenas 44 x 39 cm (1665) é, para mim, a mais fascinante pintura do universo.

​Todo esse encanto está em um dos países mais liberais e intolerantes do mundo. A prostituta se oferece atrás de vitrines, com roupas provocantes ou quase nuas. É o primeiro país do planeta a autorizar o casamento homossexual.

O suicídio assistido é permitido por lei. Hotéis, bares e até livrarias são dedicados aos LGBT. Pinturas de arco-íris anunciam saunas e outros equipamentos para os gays.

Certamente, há reações contrárias ao estabelecido. Há pouco tempo, 52 mil jovens pediram ao Parlamento a criminalização dos clientes compradores de sexo.
Para não dizer que só falei de flores…

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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