NO TEMPO, O AMOR QUE NÃO PASSOU –
Desde que retornei a morar em Natal em 1948, onde passei a residir na Rua Meira e Sá, nº 120, no Barro Vermelho, tendo como único vizinho ao lado (casa nº 118), um cidadão italiano chamado Rocco Rosso, casado com Dona Rosina e que tinha duas filhas: Rachelle, a mais velha e Therezinha. Éramos somente vizinhos.
Estudávamos inicialmente no Instituto Batista do Natal, localizado bem próximo das nossas casas, precisamente na Rua Professor Clementino Câmara (que antes era o prolongamento da nossa rua), mas em tempos diferentes e classes distintas.
Em 1950 tornei-me cantor da Rádio Poti e os meus encantos convergiam para as minhas fãs. Tendo resolvido abandonar a vida artística, pelos idos de 1954 e estudante, então, do Ginásio Natal (local, hoje, das Lojas Americanas) e Therezinha no Colégio Nossa Senhora das Neves e depois na Escola Profissional Feminina, na Praça da Independência (defronte ao Palácio Potengi) e nossos caminhos, eventualmente, se cruzavam após as aulas e, então alguma coisa despertou em mim, quando então escrevi algo um tanto indicativo – Inspiração 03.02.1954.
A minha primeira atração foi pelas tranças de Thereza, como sempre a chamei, pois não tinha coragem de enfrentar a fera (seu pai). Contudo, quando tomava conhecimento de algum rapaz rodeando a casa de Thereza eu ficava irado e fazia comentários, até que um dia ela mandou um recado, se eu estava querendo alguma coisa com ela. Era o que precisava, pois chegou a coragem e eu confirmei. Daí por diante meus escritos eram mais diretos: Teca 10.8.56 – A você meu anjo de candura, Que conseguiu abrir meu coração, Para libertar-me de uma masmorra escura E conduzir-me para a amplidão. Teca, que nome mais lindo! Nome que pronuncio a todo instante. Sua imagem nos meus olhos é constante. Dizendo o teu nome, Teca Vivo sorrindo…
E aí “desembestou”. Um pequeno hiato quando, após servir ao Exército Nacional resolvi ir estudar no Recife e as coisas ficaram um tanto difíceis e a tônica dos meus versos mudou – Solidão 08.9.59 – Solidão, oh! Solidão! Por que andas a perseguir meu coração? Se a noite é fria tu vens a mim, se ela é morna, Só penso em ti. E os meus cabelos já estão prateando. Não posso mais esperar e a chama do meu pensamento só vive a me fazer pensar: Por que não tive a sorte de conseguir esse amor? Vai solidão, não maltrates mais. Deixa-me em paz, por favor.
Voltei para Natal, e a coisa pegou: Final 05.01.1961: Afinal, terminou nosso amor, mas de um modo banal. Afinal acabou esse nosso idílio irreal. É melhor assim não terei dissabores, é melhor assim, buscarei outros amores. Não me procures mais eu te peço por favor! Não me atormentes mais – Tudo entre nós terminou. Terminou, Prá nunca mais, foi final O nosso amor acabou, mas não fiquemos de mal.
Que nada – era só uma dor de cotovelo. Seguiu-se o noivado em 06 de janeiro de 1962 e logo no ano seguinte o casamento em Belém do Pará, no dia 16 de março na igrejinha de Santo Antônio, na Praça Batista Campos, por autorização da Paróquia da Trindade.
E vieram os filhos: ROSA LIGIA, em 20 de janeiro de 1964; THEREZA RAQUEL em 01 de julho de 1967; CARLOS ROBERTO, em 02 de março de 1969; ROCCO JOSÉ, em 29 de abril de 1971, com eles, genros e noras Ernesto, Pedro,
Valéria e Daniela e os meus 7 netos – Lucas Antônio, Carlos Victor, Raphael Flôr, Gabriela, Maria Clara, Carlos Neto e Guilherme. Está garantida a continuidade da família.
Hoje completamos 56 anos de casados e 65 de convivência. Vamos convalidar as bodas do amor eterno nas alianças, inusitadamente em um leito de hospital, com o carinho da família e dos amigos, dos médicos, pessoal de enfermagem, limpeza e da cozinha, rogando a Deus que se compadeça dessa criatura adorável e insubstituível que é
THEREZINHA ROSSO GOMES, Minha Mulher e lhe restitua a saúde.
“Na juventude, o viço, o ardor; Na maturidade, a maternidade, a dor; Na velhice, a doçura eterna do amor. À minha mulher, a doação de mim”.