Há pessoas que nascem com a vocação para multiplicar. Multiplicam oportunidades, parceiros e amigos, emprego e renda, bens e serviços, conduzem pessoas e grupos ao bem-estar. Valorizam a competência e dedicação, utilizando em seus empreendimentos a meritocracia. São predestinados. As palavras chaves são compartilhar, bem-servir e promover inovação.
A deficiência ideológica e a inveja impedem o seu reconhecimento. Infelizmente, no Brasil, não há uma cultura da filantropia, do mecenato.
Caio Mecenas viveu há dois mil anos e assessorou o Imperador Augusto. Por sua ação, floresceram as artes e a literatura em Roma. Dentre os beneficiários, situam-se Virgílio, Horácio, Ovídio e Tito Lívio. O seu nome virou qualificação.
No Brasil, D. Pedro II foi um mecenas das ciências e das artes. Em nosso Rio Grande, são enaltecidos Alberto Maranhão, no setor público e Juvino Barreto, na iniciativa privada. Para orgulho nordestino, o empresário Ricardo Brennand constituiu, no Recife, com o seu nome, um Instituto simplesmente maravilhoso. Lá está um castelo, incluso em duzentos e cinquenta hectares de flora tropical. Obedece ao estilo Tudor, como se fora da antiga dinastia inglesa. Os equipamentos ocupam uma área de quase oitenta mil metros quadrados, abrigando museu de armas brancas, pinacoteca, nobres esculturas, além da biblioteca de obras-mestras. Na lagoa, maravilham cisnes heráldicos.
Em Minas Gerais, Bernardo Paz concebeu e concedeu um acervo, em paisagem idílica. Hoje, o Inhotim é considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina.
A Academia Norte-rio-grandense de Letras, fiel à sua missão de aglutinar talentos dedicados a grandes causas do espírito humano, promoverá a Noite dos Multiplicadores. Na ocasião, serão homenageados três empresários benfeitores da Academia – Marcelo Alecrim, Flávio Rocha e Pedro Alcântara – e o empresário luisgomense, João Claudino. Eles são mecenas potiguares. Serão saudados por Gaudêncio Torquato, Sócio de Honra da Academia.
João Claudino saiu de Luís Gomes, no extremo oeste do Estado, fronteira com o Ceará e a Paraíba, sem esquecer o seu chão. Em sua cidade e na vizinha Uiraúna, criou e mantém duas fundações que promovem a cultura, a inclusão social e a ascensão coletiva. Um conjunto de cordas, formada por adolescentes de 12 a 18 anos, já se apresentou no Canadá e na Finlândia. A Revista de Cultura enalteceria qualquer capital.
Ser mecenas não é privilégio apenas de construtores de grandes obras. São também pessoas de pouco recurso, mas que fazem gestos motivadores da comunidade em artes, letras, ciência. São pequenos que pensam grande. Com simplicidade, investem em pessoas, privilegiam jovens talentos. Dão exemplo.
São pessoas dignas de distinção e de memória. Deixam legado.
Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN