NOSSOS MESTRES –
O tempo é fugaz. Passa rápido e pouco percebemos.
Quando atingimos o estágio mais avançado da vida (terceira idade), no qual a experiência adquirida nos coloca como verdadeiros reservatórios de histórias e de sabedorias, passamos, então, a lembrar e refletir sobre longos caminhos percorridos na estrada da nossa existência.
As gerações vão se formando na sequência dos anos; quando menos esperamos já atingimos o estágio derradeiro desse ciclo (feliz aqueles que chegam incólumes).
Ativo a mente e me vem a lembrança dos nossos mestres; aqueles que juntamente com os nossos pais foram os verdadeiros responsáveis pela nossa formação humanística, moral e cultural, nos colocando na linha de frente do difícil enfrentamento com o cotidiano da vida.
Enfrentamos, sim, todos, esse ciclo natural da nossa existência.
Começamos, então, a reprisar e a reviver nossos momentos de formação escolar. Pouco ou nada mais lembramos daqueles que nos alfabetizaram; daqueles que foram nossos mestres na formação educacional primária e secundária.
Nessa retrospectiva, procuramos listar nossos últimos professores e sentimos falta, sim, são poucos; sentimos saudades das suas convivências amigáveis e respeitosas.
É atraente, no entanto, refletir um pouco sobre a vida, da qual pouco ou quase nada sabemos. Muito discutida, recheada de arrotos e arroubos filosóficos, de imbricados conceitos religiosos, metafísicos, químicos e biológicos – “Há quem fale que é um divino mistério do mundo/ É o sopro do criador numa atitude repleta de amor” – “ninguém quer a morte/ só saúde e sorte…” (do cancioneiro popular).
Sabemos, sim, que tem início, meio e fim; disso não fugiremos; compreende o espaço de tempo entre a concepção e a morte de um organismo. Quanto mais se debate, quanto mais se estuda, menos se sabe sobre essa complicada engenhoca. Mesmo com todo esse conhecimento, com toda essa certeza, ainda não nos acostumamos. Sofremos.
Estamos realmente nos distanciando e perdendo os nossos últimos mestres. Ficamos somente com a saudade desses estimados artífices, nossos inesquecíveis orientadores e formadores acadêmicos.
É o que ainda guardamos em nossos cofres da memória, antes que o nosso ciclo também chegue ao fim.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]