NOSSOS TREINADORES DE FUTEBOL –
Nos últimos dez anos, o futebol brasileiro vem sofrendo rebaixadas transformações, deixando tristes e desanimados os seus admiradores.
Tivemos uma queda acentuada na qualidade do futebol apresentado pelos nossos times; passamos a perder todos os torneios internacionais disputados para adversários insignificantes; os dirigentes passaram a perder a paciência com os treinadores, promovendo o troca-troca de forma acelerada e desconcertante, contribuindo para a instabilidade na formação e na permanência das equipes em campo.
Não podemos ocultar que sofremos com as constantes, frequentes e precoces perdas dos nossos jovens promissores craques, para os milionários clubes europeus e asiáticos (muito bom para eles e para seus negociadores); fato que vem contribuindo, com certeza, para o enfraquecimento das nossas equipes.
Em épocas passadas, sempre desfrutamos de excelentes vencedores treinadores, hoje chamados de “professores”, “misters”e “paizões”.
Puxo um pouco da memória e me vêm alguns nomes: Otto Glória ( foi treinador da Seleção Portuguesa na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra), Flávio Costa, Zezé Moreira, Aimoré Moreira, Gentil Cardoso, Oswaldo Brandão, Vicente Feola, Jorge Lobo Zagalo, Rubens Minelli, Ênio Andrade, Wanderley Luxemburgo, Telê Santana, Luiz Felipe Scolari, Muricy Ramalho, que tiveram sempre uma permanência duradoura e produtiva em seus clubes e em seleções brasileiras – verdadeiros campeões.
Diante dessa falta de credibilidade nos nossos atuais treinadores, surgiu, então, a procura por outros profissionais em mercado europeu e sul-americano – os estrangeiros.
A investida milionário mostrou resultado positivo com a contratação, pelo Flamengo, do português Jorge Jesus (O Mister) e do argentino Jorge Sampaoli, pelo Santos. A corajosa incursão foi comprovada na prática.
O “Mister” modificou a forma do Flamengo jogar, que passou a praticar um futebol mais agressivo, mais agudo, mais vertical, procurando e partindo sempre em bloco com velocidade, tanto para atacar, como para se defender; explorando as extremidades, com contra-ataques rápidos e ousados. Conseguiu, em apenas treze meses de trabalho, levantar cinco títulos, sofrendo apenas quatro derrotas em cinquenta e sete jogos realizados, chegando a disputar, com a equipe do Liverpool da Inglaterra, o título do melhor time do mundo. Lógico, acima de tudo, soube contratar bons jogadores, formar um refinado elenco e se impor como um verdadeiro líder.
Já Jorge Sampaoli, apesar de trabalhar com uma equipe modesta – o Santos Futebol Clube, sem muitos gastos, conseguiu fazer uma boa e eficiente campanha no certame paulista, que o credenciou para um excelente contrato com Clube Atlético Mineiro (CAM).
A conclusão que chegamos é que os “estrangeiros” fizeram a diferença; mostraram para que vieram, se firmaram e, na realidade, mudaram, sim, para melhor o futebol em terras brasileiras: mataram a cobra e mostraram o pau.
O final exige algumas reflexões: acontece ou não uma intervenção nefasta da política no futeboI, que só veio para complicar e piorar? A pressão das torcidas “organizadas” (pela Diretoria), que não aceitam duas ou três derrotas seguidas, tem ou não tem peso forte nas decisões? Os patrocinadores opinam e também têm votos para as mudanças? Os nossos treinadores (com raras exceções) já não inspiram mais confiança? Não se atualizam ou são realmente inábeis?
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]