Nova Visita –
Fiz uma amizade interessante, embora estranha. Com um ET. Havia me dito que, caso quisesse falar com ele, mentalizasse o desejo e ele apareceria o mais cedo que pudesse. Sempre era um papo gostoso, ele sempre atualizado, pois estava aqui como uma espécie de espião, e sabia das coisas. Não interferia nos acontecimentos. Apenas os informava aos seus superiores. E, embora estivesse encarregado de observar a América Latina, passava a maior parte do tempo por aqui, país que dizia amar. Seu nome, abrasileirado, é Roberto.
Com a Lava-Jato, impeachment, prisões de figurões, entre outros assuntos, andava ansioso para escutá-lo. Mentalizei sua presença e ele apareceu. Notei-o meio acabrunhando, até mesmo um tanto triste. O que há, perguntei. O chamaram de volta? Sabia que não queria voltar, como já me havia dito. Não, posso ficar aqui o tempo que quiser. Minha tristeza reflete os acontecimentos, cada vez mais insensatos. Até mesmo em países que eu pouco vou, pois os considerava sempre muito certinhos, tanto na política como na economia, começam a degringolar. Literalmente. É o que está acontecendo com os gringos dos EUA, que acabam de eleger um insensato, esse tal de Trump. Tenho procurado encontrar algo positivo. Faz uma declaração que me anima, mas no outro dia desmancha tudo o que disse. Ainda não consegui entendê-lo. Fico preocupado com o que acontecerá, já que suas decisões afetam o mundo todo. O que é um perigo para todos. Torço para que a responsabilidade lhe dê algum bom senso.
Vocês aqui estão trilhando um novo caminho. O novo Presidente parece sensato. Busca soluções para corrigir as loucuras do governo passado, como aliás já havia comentado com você. Peço ao seu Deus, e aos meus, para o ajudarem. Peço especialmente que abra a cabeça dos políticos de vocês, no Senado e na Câmara, para aprovarem as medidas propostas. Além de serem sensatas, são provavelmente os únicos caminhos para o Brasil sair desse atoleiro. E fique rezando para que essas minorias estridentes, de esquerda e direita, criem juízo e enxerguem que essas medidas são, todas, extremamente necessárias. Esqueçam seu partidarismo, e vejam o lado positivo das medidas. Pensem no país, e não em reassumir o poder, em seus interesses pessoais e partidários. Basta o mal que já fizeram. Luz, por favor, para essas cabeças obscurecidas pelo fundamentalismo.
Tenho observado de perto o que ocorre. Estou sempre presente e gosto de assistir as discussões no Congresso, no STF e órgãos semelhantes. Se diz muita besteira, há muito nonsense, muito corporativismo e intransigência, mas sempre aparece uma voz, ou vozes, responsáveis. Torço para que sejam as vencedoras. Como tenho sempre dito, ainda não perdi a esperança em seu país. Talvez até acredite mais nele do que você, sem querer ofendê-lo.
Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN
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