NOVAMENTE, O NATAL – 

 Mais um ano se passou e eis, novamente, o Natal. O processo natalino se repete em toda plenitude motivando diferentes reações no âmago das pessoas. Erra quem imaginar ver despertadas apenas a fraternidade e a solidariedade em cada indivíduo. Para alguns, o Dia da Natividade causa mais comoção do que o Dia de Finados.

A tristeza, o estresse e a depressão somam-se ao agravamento de doenças nessa época do ano. O Natal evoca lembranças da infância que não voltarão jamais e traz a memória fatos passados que deixaram amargas recordações. Faz pensar no que construímos ao longo do ano e nas frustrações decorrentes dos insucessos.

No período das festividades de final de ano é quando resolvemos analisar os relacionamentos familiares. Verificar se continuam estáveis ou em deterioração, ou se deles somente restaram mágoas. A proximidade do fim de cada ano aumenta a expectativa em torno da recuperação de afetos perdidos e da concretização de expectativas que se arrastaram ao longo dele.

A tristeza decorre também de pessoas que colocam muitas esperanças no ano seguinte acreditando que tudo será diferente. Isso acarreta um aumento de ansiedade contribuindo para a época ficar mais tensa para muitos.

O Natal evoca sentimentos relacionados à nossa história e nos reporta ao tempo em que esperávamos o Natal e o Ano Novo para receber presentes e confraternizar com pessoas queridas. Porém, tudo se torna mais difícil quando aflora a lembrança dos entes estimados ausentes ou falecidos.

Aí não tem como deixar de sentir saudade. Sem dúvida, grande parcela da tristeza do Natal é alimentada pelas recordações de pessoas amadas que partiram de vez. O Natal é o momento que melhor traduz esse sentimento de perda.

Basta lançar um olhar sobre as mesas com a culinária da época, admirar os enfeites da árvore e observar os pacotes com presentes para lembrar os natais de antigamente. Explode, então, a vontade de resgatar o tempo em que a casa ficava repleta de familiares, com as crianças ainda pequenas e a vida sendo tocada com leveza e simplicidade sem lembranças amargas nem receio do futuro.

A recordação comedida é salutar, afinal, são as lembranças que unem as famílias. Porém, trocar momentos bons do presente por recordações amargas do passado é querer transformar o Natal-Alegria no Natal-Finados. É o desejo velado de vivenciar o Natal com pensamentos voltados para as perdas e não para os ganhos.

Tamanha preocupação faz esquecer o encanto e a alegria das crianças com o Papai Noel e o deslumbramento da festa. A satisfação de estar na presença de entes queridos é embotada pela insistente lembrança de mortos estimados.

Não podemos esquecer que o Natal é nascimento e um tributo à infância e às mães. Mas, não se restringe a isso. Não é apenas um momentâneo espasmo de generosidade e de bondade. Não é somente a ocasião para uma oração rápida, uma palavra bonita, para comidas, bebidas, animação e alegria.

O verdadeiro espírito do Natal está em valorizar o Presépio e festejar a chegada do Filho de Deus mandado para perdoar as falhas dos homens mostrando-lhes o caminho da salvação. O Natal é uma exaltação ao perdão, a piedade, ao amor e a fé na nossa crença. Imbuídos dessa verdade, certamente, teremos um Feliz Natal!

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]

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