NOVO GOVERNO: SEM A CRÍTICA É A FASE OCULTA DA LUA –

Até que com pouco debate consegui manter minhas amizades tanto de Bolsonaristas quanto petistas, mesmo antigos ou novatos, saídos dessa breve e intensa peleja eleitoral.

Na hora H, quando a discórdia do discurso assumia ares de insuportável convivência, eu sacava minha intenção primeira que era a de votar no sobralense de afinidade familiar, Ciro Gomes; e, como uma palavra mágica, o silêncio para o meu lado se estabelecia. Me convenci que a palavra mais importante para se manter na luz da democracia era a pronúncia de um nome e sobrenome de político até então postado no torreão da ausência de cargo político e sem máculas a objetar. Sua evocação se deu como candidato ao cargo majoritário da nação e teve boa receptiva em prognósticos dos institutos de pesquisa: aparecia quase sempre na perspectiva de suplantar o candidato do PSL no segundo turno.

Voltando ao calor da discussão do pós-pleito, a reparar que um e outro lado mantêm-se a fala que era adotada anteriormente pelos oponentes, ou seja, os afinados ao capitão adotam o um discurso muito caro aos petistas. Sempre a crítica não costumava ser bem-vinda. Como agora ante qualquer discordância ao eleito naturalmente surge um enxame retórico da ordem do “o homem nem tomou posse”, “chega de mimimi”, e, até com certa razão, porque vivemos no abrasar deste rescaldo mental pós-eleição.

Não há dúvida que o vencedor foi conduzido à vitória por fatores irremediáveis, o principal deles, a lógica da maioria, que repele estruturas desgastadas de prática política e que elege alguém o máximo possível distanciado do lugar comum das cambulhadas, centradas na miséria contumaz da corrupção.

Essa prática histórica permissiva que faz esfolar qualquer democracia.

No entanto, podemos dizer que a política deve sempre estar na claridade da transparência una. Como disse e representou bem o dito, um político de outrora, Carlos Lacerda, e tinha boas razões práticas para dizê-lo: a política é um rio permanentemente caudaloso.

Finda a eleição, é hora de pensar em projetos. Críticas em boa hora podem propiciar alterações de intenções para melhor. Correções de rumo enquanto é factível.  E não podemos perder tempo se o estrago posto foi de monta.

Se o petismo era um estado de espírito que não admitia a crítica, e os de agora no campo adverso seguem a mesma linha amarga, por que não experimentar o gosto adocicado de como funciona a democracia?

Por fim, seria bom alvitre fixarmos no dístico reflexivo de Winston Churchill, ao referendar que: “A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor do que ela”.

Logicamente o estadista britânico se referiu à eleição de Hitler, que, no entanto, se resolveu a doloroso custo. Corrigiu-se a tempo.

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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