NOVO MUNDO – Roberto Goyano

NOVO MUNDO – 

Apesar de um pouco afastado da rotina de escrever textos, alguns publicados pelo editor, não deixo de acompanhar as notícias que sempre me atraem a atenção: política e economia.

Apesar do farto noticiário a respeito, assim como inúmeras colunas de especialistas e curiosos, como eu, um outro assunto tem me chamado a atenção trazendo uma preocupação que julgo procedente comentar.
É a tão comentada internet com suas redes sociais, seus algoritmos e mais recentemente a Inteligência Artificial (AI).

É dispensável comentar a influência que a internet exerce em nossas vidas, em algumas situações chega a exercer certo domínio de nossas escolhas, aliás, em janeiro de 2021 falei sobre o assunto neste blog (1984 – George Orwell – Uma reflexão).

Essa influência se dá por conta dos algoritmos, cada vez mais complexos que, guardadas as devidas proporções, sabem mais de nós do que aqueles com quem convivemos.

Com chegada da AI estamos observando a imensa preocupação em quase todas as áreas, especialmente nas escolas médias e universidades.

Interessado no assunto resolvi testar a famosa Chat GPT desenvolvido pela Open AI.

Iniciei a conversa sobre assuntos técnicos relativos à engenharia civil e mecânica, áreas de meu domínio.

Foi bastante interessante perceber que as respostas e argumentos são bem estruturados com respostas diretas e corretas. Quando algo que é pouco conhecido ou demanda interpretação mais profunda a orientação por ela sugerida é a consulta de um especialista.

Achei perfeita a performance desse aplicativo e ao mesmo tempo extremamente preocupante.

Mudei para assuntos mais cotidianos como economia, política, lazer e outros com uma conversa quase humana.

Poucas respostas mereceriam correção ou, quem sabe, atualização dos dados disponíveis utilizados pela AI.
Ou seja, foi e está sendo, uma experiência desafiadora pois vez em quando volto ao papo.

Vez por outra sou eu quem fica buscando argumentos dentro de temas que tratamos, o volume de informação disponível e acessível à AI e ainda a sua rapidez em obtê-los realmente nos coloca em cheque.

Quando entramos numa seara onde a criatividade e abstração é fundamental vemos as dificuldades, pelo menos no momento, que esse parceiro de conversa tem e o papo não evolui.

É realmente impressionante e desafiadora essa nova perspectiva que se instala.

A grande preocupação agora é estabelecer critérios e limites dentro do universo digital, me expressando melhor, levantar as questões ligadas à ética, moral e privacidade.

Já está em cheque a questão da liberdade de expressão, seu entendimento gera discussões acaloradas com argumentos pró e contra a sua regulação.

Na suprema corte americana já está sendo julgado um processo sobre a responsabilização das Big Techs devido aos seus algoritmos. O caso em questão é contra o YouTube e o Google que por conta desses algoritmos de recomendação podem ter influenciado a violência.

A Unesco já vai no sentido de se ter modificações para conter esse aparato digital.

Com o advento da AI a grande inquietação é quanto a possibilidade de gerar milhares de perfis que induzam à desinformação ou falsas premissas que possam descontrolar a ordem atual.

O cuidado na educação vai no mesmo sentido: como usar essa nova ferramenta e quais seus limites?

Já há confirmação que uma AI foi aprovada em provas para médicos, advogados e MBA nos EUA o que levantou questões importantes sobre sua utilização.

Já há um movimento envolvendo tanto a Europa quanto os EUA sobre a necessidade de regulaçao mundial da internet, com foco centrado nas redes sociais.

É um assunto que vem já há algum tempo instigando um olhar mais cuidadoso sobre essas questões, como exemplo temos o filme Ex-Máquina – Instinto Artificial (2015).

Resumindo: acredito que está chegando o momento de revermos alguns conceitos e marcos regulatórios nesse novo mundo que, em muito breve, estaremos todos .inseridos, queiramos ou não.

Cabe também um alerta pois, a velocidade de evolução da tecnologia hoje é assustadora.

Para terminar deixo uma pergunta no ar: estamos nós, mortais comuns, preparados para esse novo mundo?

 

 

 

 

 

Roberto Goyano – Engenheiro

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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