A Polícia Militar do RJ matou 434 pessoas em confronto no primeiro trimestre de 2019. Os antigos “autos de resistência” – hoje chamados de mortes por intervenção policial – somaram 434 casos de janeiro a março, numa média de sete óbitos por dia.
As mais de 400 mortes representam o maior número registrado desde 1998. No ano passado, foram 368 mortes no mesmo período. Os dados são do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP).
Os números constam do último balanço trimestral da Segurança Pública do RJ. Outro destaque é a quantidade de fuzis apreendidos, que bateu recorde. Foram 145 armas recolhidas, o maior registro desde 2007 – 25 a mais que no início de 2018.
Neste total, não foram contabilizados os mais de 100 fuzis incompletos apreendidos na casa de Ronnie Lessa, preso por envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco. Essa apreensão foi notificada como “parte de armas”.
O G1 entrou em contato com o governo do RJ para saber o posicionamento a respeito dos números. Em nota, a Secretaria de Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que “as operações da Corporação são pautadas por planejamento prévio e executadas dentro da lei. Nas ações em áreas conflagradas, a missão da Polícia Militar é primordialmente a prisão de criminosos e apreensão de arma e drogas”.
“Muitas vezes, no entanto, os criminosos fazem a opção pelo enfrentamento, dando início ao confronto. Quando a operação policial resulta em mortes ou feridos, um Inquérito Policial Militar é aberto para apurar as circunstâncias do fato”, acrescentou a PM.
O texto também afirma que “em relação aos números do Instituto de Segurança Pública (ISP) referentes a março, o mais importante é ressaltar a queda de 32% nos homicídios dolosos, representando a menor taxa para o mês em 28 anos. O indicador letalidade violenta também diminuiu 24% em relação a março de 2018”.
Entre os casos de mortes envolvendo a polícia que aconteceram no primeiro trimestre está o tiroteio que em fevereiro deixou 13 pessoas mortas nas comunidade do Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa, no Centro do Rio.
De acordo com informações da Polícia Militar, suspeitos participavam de um confronto com agentes do Comando de Operações Especiais (COE). A operação contou também com homens do Bope e do Batalhão de Choque. Segundo a polícia, a ação foi para combater o tráfico de drogas.
A PM relata que as equipes foram recebidas a tiros durante o vasculhamento e houve confronto. Dois baleados foram levados ao Souza Aguiar. Em outro ponto, armas foram apreendidas.
O Portal G1 apurou que na casa onde foram encontrados nove mortos havia pelo menos 128 perfurações. Após suspeitas levantadas por depoimentos ouvidos pela Defensoria Pública, que incluem relatos de execução, tortura e mutilação dos corpos, a Polícia Civil fez uma reconstituição da ação.
Na semana passada, em uma apreensão que ainda não entrou nos números divulgados pelo ISP, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar encontraram no Complexo do Alemão, na Zona Norte, seis fuzis, uma metralhadora Browning M1919 calibre .30, granadas e diversas munições.
O governador do Rio, Wilson Witzel, posou para uma foto segurando a metralhadora. Segundo informações da assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, os PMs do Batalhão de Choque foram atacados por criminosos quando chegaram na comunidade da Fazendinha, umas das favelas do Complexo do Alemão.
Vale lembrar que também não entram na conta do ISP para o primeiro trimestre a apreensão, pela Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, de 117 fuzis incompletos, do tipo M-16, na casa de um amigo do policial militar Ronnie Lessa no Méier, na Zona Norte do Rio.
De acordo com investigações da DH e Ministério Público, Lessa foi responsável por atirar na vereadora Marielle Franco e no motorista Anderson Gomes no dia 14 de março de 2018. Ele nega o crime.
As armas, todas novas, estavam desmontadas em caixas – só faltavam os canos. A polícia investiga se Lessa trafica armas e escondia o material no imóvel.
Fonte: G1
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