Muitos já escreveram sobre o ABC FC. Artigos, crônicas e até livro – o bom livro de Rubens Lemos Filho (Rubinho),- O Rosto Alegre Da Cidade – Editora Flor do Sal, em comemoração ao centenário do alvinegro, no ano de 2015.
No entanto, quero deixar registrado neste artigo o meu testemunho da boa e aproveitável convivência, que, embora curta, foi muito valiosa na minha carreira como atleta de futebol.
Na década de 1950, menino- adolescente, residindo na rua Mossoró, bairro do Tirol, próximo aos campos de futebol do ABC e do América, aproveitava o meu tempo de divertimento para assistir os seus treinos e jogos amistosos.
Contemplava no time do ABC, com muita admiração os seus verdadeiros craques. Atenção maior para um atleta de pequena estatura no meio de campo de nome Jorginho, um refinado maestro na criação das belas jogadas no centro do campo. Outros nomes me vêm à memória: Tidão, irmão de Jorginho, Paulo Izidro, Albano, Toré, Ribamar, Badidiu, Tico, Mota, Nei Andrade, Gonzaga e tantos outros, genuinamente potiguares.
Acompanhava também o nascimento de uma legião de futuros aspirantes à equipe principal, com destaques para: Danilo e Domilson Damázio, Rômulo Lima, Zé Ireno, Dedé e Cocó.
Foi nesse meu apaixonado mundo do futebol que dei os primeiros passos, quando fui descoberto, nas peladas de ruas no bairro do Tirol, por um olheiro, admirador-mor e treinador da equipe infantil, de nome Zé Negrinho; o time mirim conhecido como Abczinho, uma espécie de escolinha dos dias de hoje – um super time.
Uma ressalva importante e histórica precisa ser dita: na verdade, como admirador e torcedor de coração, o time por mim escolhido foi o alvirrubro – o América FC; quem sabe por ter visto o meu irmão Nei Leandro vestido com sua bela camisa vermelha, atuando bem na lateral esquerda da equipe juvenil comandado por Lelé e Lu.
Na minha caminhada de atleta, tive passagens por vários clubes: no Riachuelo Atlético Clube (RAC), na categoria juvenil; no Alecrim FC, onde me identifiquei como profissional do futebol, me revelando e conquistando 2 títulos: de 1963 e 1964; finalmente, em 1967 (com 24 anos), no América, quando encerrei a minha curta carreira profissional como campeão.
Tive, com muito orgulho, uma boa e rápida passagem pelo ABC, no início da década de 1960, quando atuava pelo Alecrim. Fui convocado, por empréstimo, pelo treinador na época, Tarcísio Carvalho, para participar de uma excursão em algumas cidades do Nordeste, mais precisamente em São Luiz/MA, Terezinha e Parnaíba/PI, para uma série de dez jogos. Tivemos, no final, um resultado positivo, vencemos mais do que perdemos, com um detalhe curioso: as vitórias eram sempre em cima dos times campeões.
Assim dito e relatado, muito me orgulha e me honra essa passagem rápida e bem marcada, quando ainda um jovem iniciante no futebol, ter dividido os bons momentos em campo de jogo, com figuras tão identificadas e marcadas no futebol potiguar, com destaques para: Jorginho, Cadinha, Cileno, Wallace Costa, o vigoroso zagueiro Piaba, Erivan, Cocó, Gaspar e Mauro.
Parabéns ABC FC, pelos seus 102 anos de existência e de glórias.
Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN – [email protected]