O AEROPORTO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE – Ney Lopes

O AEROPORTO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE –

“A esperança é o sonho do homem acordado”.

Lembrei a frase de Aristóteles, ao ouvir o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, em pronunciamento exclusivo à FM 98 Natal, afirmar que o aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) é um ativo privilegiado, por sua proximidade à América do Norte, África e Europa.

O ministro pronunciou-se, após a atual concessionária pedir ao governo a “devolução amigável” (Lei  13.448/17).

Ainda tenho a “esperança”, de que o RN recupere o “tempo perdido” e o aeroporto de São Gonçalo do Amarante encontre a sua verdadeira vocação, que é dar suporte a um “polo exportador e turístico”.

Certamente, não despertará interesse uma relicitação futura para operá-lo, com prejuízo anual de R$ de 140 milhões. O pedido de devolução não foi por má gestão. O consórcio Inframérica administra Brasília, com sucesso

A verdade é que na situação atual, o negócio é inviável. Parece óbvio, que antes da relicitação, deverá ser definida a sua “viabilidade” econômico-financeira, sob pena de novo fracasso.

O caminho seria a união das “forças ativas” do estado e encaminhamento de documento “objetivo” ao Presidente Jair Bolsonaro, propondo a criação, na região limítrofe ao aeroporto, de uma “área de livre comércio”, que garantiria “carga e receita” para sustentação do empreendimento, além da oferta de milhares de empregos, novas oportunidades e divisas oriundas da exportação.

O momento é propício, pela influência do conterrâneo, Ministro Rogério Marinho, no governo federal

Na sugestão ao Presidente Bolsonaro, constaria a proposta de redação do artigo a ser inserido na lei 11.732/08:

“São criadas nos municípios de Natal, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, Extremoz e Ceará Mirim, no estado do Rio Grande do Norte, áreas de livre comércio de importação e exportação, sob regime fiscal especial, com a finalidade de incrementar relações econômicas nas regiões fronteiriças, marítima e aérea, do Atlântico Sul, de acordo com as regras multilaterais vigentes, obedecidas as disposições dos tratados e convenções internacionais”.

Na mesma lei, constaria a incorporação das Zonas de Processamento de Exportação de Macaíba e Açu, já existentes.

Se Roraima é a única área de livre comércio no país, sob alegação de caracterizar fronteira terrestre, por que o “Grande Natal” não ter tratamento idêntico, quando integra a maior fronteira aérea e marítima das Américas?

Historicamente, a nossa posição geográfica avançada justificou em 1530, a criação da capitania hereditária do RN, para conter as invasões francesas e holandesas.

Na II Guerra, o “grande Natal” foi apoio das forças aliadas. Câmara Cascudo escreveu, que a cidade “constituía uma das oito capitais do mundo, vértice onde se entrecruzam os meridianos de todas as comunicações”.

Em 2005, convidei o embaixador da China para visitar o Estado. Em debate no auditório da FIERN, ele afirmou que se justificaria uma área de livre comércio, ao lado do aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Esclareceu, que não seria obstáculo a falta de porto marítimo para escoar as exportações, juntamente com o aeroporto, pois a iniciativa privada viabilizaria essa carência, diante da perspectiva de negócios rentáveis,

A experiência internacional confirma que as “zonas econômicas especiais” aumentam o consumo e a receita pública. Note-se que as indústrias locais estarão protegidas da concorrência predatória, sendo-lhes assegurada “preferência” de instalação e oportunidade de associações (joint venturis), manutenção das instalações já existentes, que executarão estágios de processo de produção e venda dos produtos semiacabados para a unidade dentro da área de livre comércio, elevando lucratividade.

Além disso, abrem-se oportunidades para o comércio fornecer bens e serviços; expansão de negócios em exportações, com ganho de competitividade nos mercados externos; iniciação na atividade exportadora, sem ter que enfrentar as dificuldades de “garimpar” clientes no exterior, gastando muito dinheiro e tendo que negociar em contextos e idiomas diversos.

Na área de livre comércio, o empresário estrangeiro estará logo ao lado, e negociará em português.

“Ser ou não ser, eis a questão! ” (monólogo de William Shakespeare).

Será que ainda vale a pena ter esperança e lutar? Ou, assistir o triste espetáculo de mais uma oportunidade perdida pelo Rio Grande do Norte, o eterno Estado que “poderia ter tido e não teve”?

 

 

Ney Lopes –jornalista, ex-deputado federal e advogado – nl@neylopes.com.br  

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 6,1550 DÓLAR TURISMO: R$ 6,3710 EURO: R$ 6,4020 LIBRA: R$ 7,6990 PESO…

14 horas ago

PIX bate recorde e registra 252 milhões de operações em um dia

O Banco Central (BC) informou nesta segunda-feira (23) que o PIX bateu recorde ao registrar…

14 horas ago

CNU: governo convoca candidatos reintegrados que concorrem a cotas para procedimento de verificação

Nesta segunda-feira (23), os candidatos reintegrados do Concurso Nacional Unificado (CNU) que estão concorrendo à reserva de…

15 horas ago

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025, e vê alta maior dos juros

Os economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central (BC) projetaram um aumento maior da inflação neste…

15 horas ago

Blog Ponto de Vista desejar um Feliz Natal!!!

  A equipe do Blog Ponto de Vista deseja um Feliz Natal e um próspero…

15 horas ago

Carga de cigarros contrabandeados é apreendida pela PRF na BR-406, no interior do RN

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu, na tarde desse sábado (21,) 6.920 maços de cigarros contrabandeados…

15 horas ago

This website uses cookies.