O Alecrim FC comemora os seus 102 anos no dia 15 de agosto de 2017. Anos de resistência e heroísmo.
No ano de 1961, atleta na categoria juvenil da equipe do Riachuelo Atlético Clube (RAC), fui convidado pelo treinador do Alecrim FC, Pedro Teixeira – o Pedrinho Quarenta -, para assinar contrato profissional com o Alecrim FC. Um susto! Um coisa nova! Uma supresa agradável e desafiadora.
Com o conhecimento e o aval do meu pai, assinei o meu primeiro contrato como profissional de futebol com apenas dezoito anos de idade.
Iniciava, naquele momento, a minha curta e memorável trajetória vestindo a camisa esmeraldina.
Encontrei uma geração de veteranos bons de bola, já em fim de carreira – pendurando as chuteiras. Recordo muito bem de: Beú, Petit, Mangueira, Monteiro, Jair, Chiquinho, Petita, o seu irmão Canindé, muito bom jogador.
Os primeiros anos da década de 1960 foram praticamente de renovação, de muito empenho, com um objetivo único e sonhador: chegar a disputar o título oficial do campeonato da cidade, uma vez que o América FC estava afastado da competição.
Contava a sua diretoria com um grupo de abnegados alecrinenses, à frente um baiano que passou a gostar e amar Natal como poucos: João Bastos Santana – Seu Bastos, uma grande e inesquecível figura.
No ano de 1962, muda o comando técnico, sai Pedrinho Quarenta e entra Geraldo (Geleia), um conhecido e experiente treinador de equipes amadoras do bairro do Alecrim; alfaiate de ofício.
Em 1963, a equipe se alinha e parte para o sonho desejado. Reúne e forma uma jovem e competente equipe.
Faço parte do elenco em uma posição nova, a de quarto-zagueiro, uma vez que comecei no futebol atuando como meio-campista.
A equipe contava com: Manuelzinho, Miltinho, Orlando, Berilo e Miro, Ilo e Caranga; Zezé, Osiel, Galdino ( Paulo) e Ferreira.
Na época, apesar de o futebol ser praticado de forma mais dura, mais ríspida; sem cartões disciplinares; de atuar em um campo sem condições para a prática do bom futebol, com muito desníveis (buracos) sujeitos a contusões fáceis; mesmo assim, a equipe dificilmente sofria baixas na sua formação; fato que muito contribuiu para sua trajetória vitoriosa.
Assim sendo, a mesma formação que iniciou o certame foi a mesma que concluiu, levantando oficialmente o primeiro título oficial de futebol da cidade. Uma apoteose! E ainda mais: em cima do ABC FC, o papão de títulos do Estado.
No ano seguinte (1964), muda a direção técnica, volta Pedrinho Quarenta. A equipe sofre poucas mudanças. No meio-de campo, entram João Paulo (João Porquinho) e Hélio Carioca, saindo Caranga e Ilo.
Foi um campeonato tranquilo. Fizemos excelente campanha e novamente chegamos sem maiores dificuldades ao bicampeonato, novamente diante do nosso maior rival, o ABC FC, com uma vitória por 3X1, com o velho Estádio Juvenal Lamartine, lotado e vibrante.
Em 1965, continuamos como o melhor time da cidade. Aí, chega a soberba. Entra o relaxamento. Disputamos o campeonato em três turnos, ganhamos dois; precisávamos somente de uma simples vitória sobre o nosso maior adversário – o ABC FC – para levantar o almejado e importante terceiro título consecutivo.
As coisas começaram a dar para trás. Jogos e mais jogos e derrotas e mais derrotas. Nada dava certo. Uma época de final do ano, período de festas, com longas e cansativas concentrações, sem nenhuma motivação e estímulo por parte dos dirigentes.
Fizemos uma série interminável de partidas, com derrotas injustificáveis e deprimentes.
Enfim, perdemos o título, aquele que a princípio nos parecia o mais fácil de todos; aquele que nos deixaria em uma condição privilegiada, com a conquista do primeiro tricampeonato da cidade, fato inédito e histórico.
Ano de 1966, encerro a minha curta, aproveitável e honrosa convivência com o clube Alecrim FC. Time que me consagrou como atleta e que levarei para sempre na lembrança e no coração, com muita saudade, muito orgulho e muito carinho.
Parabéns, Alecrim FC, pelos seus 102 anos de existência e heroísmo.
Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN – berilodecastro@hotmail.com.br
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Valeu Berilo mas uma história futebolista vivido por você .Parabens e obrigado pelas informações. Seus colegas dizem que você só batia escanteios de BICO de pe kkkk
Como sempre, Dr.Berilo, repleto de aventuras emocionantes que o tranformou em um grande homem.parabens meu amigo.
Berilo, velho (muito mais jovem do que eu) e querido amigo:
Como o América estava de fora, passei a torcer momentaneamente pelo Alecrim.
Fui ao centro de campo lhe dar um grande e emocionado abraço.
Na época, Airton, seu irmão era meu colega de trabalho na UFRN.
Bons tempos.
Abraço.
Geraldo