O ARO DO DEDO ANULAR

Durante décadas usei aliança para identificar-me como um homem casado e atender a convenções da sociedade a qual pertenço. Acontece de o meu corpo rejeitar contato prolongado com qualquer tipo de metal. Dá-me uma espécie de comichão que me leva, ao chegar em casa, retirar todo adereço que estiver portando.

Esse tira e bota da aliança tinha um desfecho anunciado. A dita e benzida argola escafedeu-se durante uma desarrumação no meu escritório. Para evitar desavenças, firmei um pacto com a madame acordando em repor nova aliança no dedo anular (ou anelar), quando das bodas de ouro do nosso enlace.

O fato despertou em mim a curiosidade de saber o significado desse símbolo no matrimônio, e as razões das exigências das senhoras quanto ao uso da argola por seus parceiros, enquanto nenhuma importância é dada à sua presença em dedos masculinos, por determinadas senhoritas.

Realmente, o casamento é um ritual carregado de significados nas diversas culturas do planeta. Aliança, véu, grinalda, vestido branco e buquê não podem faltar em matrimônios na nossa cultura ou em outras do mundo ocidental.

Aliança – A forma circular desse adereço, sem começo nem fim, representa a continuidade do amor e a devoção do casal, além de eternizar o amor de ambos. Crença antiga afirmava que no anular existia uma veia que levava ao coração.

Véu – Simboliza o estar saindo da vida de solteira para encarar a condição de esposa. Em árabe, véu, é “aquilo que separa duas coisas”. Também faz referência à Vesta, deusa da honestidade, tida como a protetora do lar.

Vestido branco – Vestir a noiva de branco foi popularizado no século XIX, quando do casamento da rainha Vitória, da Inglaterra. Antes não existia especificidade de cor para a cerimônia. O branco simboliza a castidade e a pureza.

Grinalda – A grinalda dá a noiva o aspecto de rainha, diferenciando-a dos convidados. Quanto maior a grinalda, maior é o símbolo de status e riqueza.

Buquê – Na antiguidade, o buquê era formado por uma mistura de alho, ervas ou grãos. O alho afastaria os espíritos maus e, os grãos ou ervas, garantiriam uma união frutífera. Atirar o buquê é uma forma de dividir a felicidade da noiva com os convidados.

Bolo e bem-casados – Os antigos romanos partiam o bolo na cabeça da noiva para desejar fertilidade ou abundância. Já os doces bem-casados, além de ser um agradecimento aos convidados, simbolizam a eterna união dos noivos.

Lua-de-mel – Tem origem em costume dos germânicos de casar na lua nova. Durante a cerimônia os noivos bebiam uma mistura de água com mel para lhes trazer boa sorte. Entre os romanos era comum pingar gotas de mel na porta de entrada das casas dos noivos para desejar-lhes uma vida doce.

Porém, na jocosidade popular, a aliança na mão direita da mulher é uma provocação para mulheres que ainda estão encalhadas; quando migra para a mão esquerda, é um aviso a desafetas que ela já se deu bem e está estabilizada da vida.

Quando o parceiro parte desta para melhor, e a viúva junta as duas alianças no mesmo anular – a dela e a do falecido -, segundo línguas ferinas, tanto representa uma exaltação ao sentimento de perda e um preito a ausência do companheiro, quanto um alerta de que está disponível para um novo relacionamento.

E haja interpretação para o uso da argola no dedo anular!

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]

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