O BAOBÁ DE NATAL –
Como esta árvore africana nasceu e se desenvolveu em Natal? Escritores acreditam que a presença dos baobás nordestinos tem origem no príncipe Maurício de Nassau, que desejava fazer o Jardim Botânico. Câmara Cascudo atribui aos escravos, que trouxeram sementes, porque na África a árvore é sagrada. Creio que foram aves migratórias com sementes na barriga.
Há quantos anos? A revista Panorama, da Embaixada da África do Sul, publicou matéria em que árvore semelhante, com dezoito metros de circunferência, teria mil anos. Os baobás são longevos, vivem de três a seis mil anos. Muitos ainda vivos estavam na Terra quando Jesus nasceu.
O Baobá é o mais antigo habitante da capital potiguar. Muitas gerações o viram crescer e florescer. A história o vinculou ao Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry. Assim diz o povo. Se for uma lenda, como rebatem alguns, já é um patrimônio imaterial da cidade.
O piloto e escritor francês, Saint-Exupéry, esteve em nossa cidade e, aqui, deu entrevista a Nilo Pereira e foi fotografado por Rocco. Muitos depoimentos existem sobre ele e os seus companheiros aviadores, pioneiros da Latécoère, como Jean Mermoz. Coincidências existem entre as ilustrações da famosa obra literária, com a nossa terra: dunas, estrela cadente – que também está no brasão e bandeira da cidade – e três baobás folhados.
Entre as espécies de baobás, os mais famosos parecem que tem raízes para o alto, em vez de folhas. No desenho de Exupéry, são três folhados, à semelhança do de Natal, Nísia Floresta e Jundiaí, em Macaíba. O desenho do elefante nos lembra que o mapa do Rio Grande do Norte tem formato de um elefantinho. A falésia do livro nos remete à da Barreira do Inferno. O Principezinho cuida de um vulcão extinto e o Cabugi é o único pico com forma de vulcão extinto, no Brasil.
Há três décadas, cuido do “Baobá do Poeta”. Com esforço, fiz a aquisição do terreno para evitar que fosse cortado para dar lugar a uma edificação. Por mais bela que fosse, nunca seria comparável à beleza arbórea. Jornais e revistas de vários países destacaram o fato. O jornal “La Stampa”, de Turim, Itália, deu a manchete: “Salvato il baobab del “piccollo príncipe”.
Um Ministro da Cultura, em discurso no local, deu ênfase ao ato de cidadania. Professores e alunos de escolas fazem visitas periódicas, durante as quais, os professores procuram transferir aos meninos o amor às árvores, fontes da nossa vida, e a sabedoria do Príncipe. É seguir, apenas, a ética e a estética, que a natureza nos ensina. Recebo dos estudantes desenhos belíssimos, frases, notícias de encantamento. É um prêmio.
O artista plástico Woldney Ribeiro, neto, por afinidade, de Câmara Cascudo, roteirizou um curta metragem em que fez do baobá uma mulher, interpretada singularmente por Tony Silva. O filme foi selecionado pelo Festival Brasil-Áustria, em Gmünd, a cidade das artes, com legenda em alemão. E foi exibido em escolas.
São muitas as emoções colhidas. Encontros literários, lançamentos de livros, comemorações ecológicas e até uma exibição de Circo com animais e bailarinas, homenageando a árvore. O Cajueiro de Pirangi é símbolo vegetal de Parnamirim. O nosso baobá é viva Árvore de Natal.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN