O BOM SENSO E O RESPEITO DE CADA UM –
Eu admiro o que acontece em outras capitais e cidades do nosso Nordeste. Respira-se cultura ativa. Cultura que são do imaginário e dos escritos e ganham formas nas ações.
É lamentável que em nossa Natal não exista essa forma externa conveniente de comportamento cultural. Esta repousa nos livros de Deífilo Gurgel, onde é possível conhecer diversas formas de danças; repousa nos livros de Câmara Cascudo, onde também é possível conhecer diversos estilos de danças do Folclore com seus ritmos musicais e danças próprias; nos livros de Gutemberg Costa, sobre os inesquecíveis carnavais de épocas que jamais irão voltar, acredito. E de tantos outros que se envolveram com o mundo da música tais quais Guaraci Picado; Liz Nôga com suas Serestas Inesquecíveis; os Violeiros que cantam seus improvisos e falam dos costumes e cresças populares.
Mas se colocarmos o pé na estrada, chegando ao interior próximo ou mais distante, nos deparamos com a cultura viva da Música.
Carnaúba dos Dantas, Assu, Mossoró (capital cultural do RN), e em tantas outras localidades onde o povo não esqueceu e estimula seu acervo musical.
Lamento que o Memorial Câmara Cascudo, tenha se tornado um lugar de barulho ensurdecedor que tira o sossego dos idosos que moram nas proximidades. Outros espaços com acústica próprias poderiam ser usados para ensaios e apresentações, a exemplo os teatros. Ou locais específicos quais estúdios.
A sonoridade das apresentações das músicas suaves de piano que até 2019 se ouvia tocar nas manhãs, nos finais das tardes ou início das noites para acompanhar as bailarinas de dança clássica que ensaiavam apresentações de Balé que aconteciam em Natal, interior do RN e em outros Estados, já não existem mais.
A agressividade do barulho ensurdecedor que fazem móveis e objetos reverberar nas residências próximas ao Memórial Câmara Cascudo, não combinam com o Centro Histórico de Natal.
As danças folclóricas são ricas em sons vibrantes por isso seus ensaios devem ser feitos em locais com acústica própria para que seus sons vibrantes não ganhe as ruas prejudicando os residentes, idosos e templos religiosos.
Nada justifica essa forma de agressão sonora que polui, cujo os ensaios são feitos em lugares inapropriados para esse estilo de música bem nossa, bem nordestina.
Promover ensaios sem acústica apropriada é crime previsto no Código do Meio Ambiente, por prejudicarem o sossêgo e consequentemente a saúde das pessoas. Os sons a partir de determinadas frequências de decibéis, são prejudiciais a audição, ao cérebro, ao coração e ao aparelho digestivo em todas as idades, quando as pessoas são expostas com frequência aos mesmos. As crianças e os idosos são os mais prejudicados quando das exposições a esses excessos sonoros.
Como se não bastasse, ainda mais agravante são os ensaios e apresentações de Rock no Memorial Câmara Cascudo, que também não está caracterizado para essa forma de apresentação. Carece aquele espaço, como eu já escrevi, de acústica apropriada. O mínimo que se espera é que os dirigentes da Fundação José Augusto e do Conselho de Cultura do RN, observem o que pode ser feito para não irem de encontro ao bom senso cultural ao promoverem ensaios e eventos em lugares inapropriados, prejudicando as pessoas e a tranquilidade dos residentes próximos àquela casa de Cultura de Natal.
Outro aspecto observado foi o aspecto político-partidário mencionando nome de políticos dentro do contexto das apresentações naquele mesmo local. Lamentavelmente os que assim agem não tem conhecimento de Política Científica, onde cultura não se mistura com política partidária. Só acontecem esses comportamentos em meios sociais que não tem conhecimento cultural e que querem promover a cultura atrelado não a políticas públicas, mas as políticas partidárias, onde não resultam na difusão específica da Arte Musical.
Ivanês Lopes – Fotógrafo e Terapeuta Holístico