O BRASIL EM 2024 –
Hoje, 31, o último dia do ano.
As expectativas se voltam para o futuro do Brasil em 2024.
O primeiro dado é que a economia nacional vem se recuperando, após a pandemia de Covid-19.
A demanda doméstica, apoiada por transferências sociais, continua impulsionando o crescimento.
A inflação diminui, proporcionando espaço para uma maior flexibilização da política monetária.
No entanto, a dívida pública continua elevada, sobretudos os gastos do governo.
Nas últimas semanas deste mês, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o Brasil em 2024 vai retornar à lista de dez maiores economias do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 2,13 trilhões.
Esse resultado supera, por pouco, os US$ 2,12 trilhões previstos para o Canadá, e coloca a economia brasileira na nona posição.
Ainda segundo o FMI, até 2026 o Brasil pode tornar-se a oitava maior economia do planeta, com um PIB nominal estimado de US$ 2,476 trilhões.
O FMI prevê a alta de 1.5% do PIB brasileiro, em 2024, atribuído a um abrandamento da demanda doméstica e à redução da capacidade de expansão fiscal.
O índice é menor do que o da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que espera expansão da economia brasileira em 1,8%, em 2024.
O Banco Central do Brasil já começou a flexibilização da política monetária, entregando quatro cortes de juros, desde agosto de 2023.
A taxa Selic, atualmente em 11,75%, deve continuar caindo para 9% a 9,5%, até o final de 2024.
A inflação caiu de um pico de 12% em relação ao ano anterior em abril de 2022 para 4,68% em novembro de 2023, ajudada por uma queda nos preços globais de bens e pela forte oferta de produtos agrícolas.
O impacto do El Nino na produção agrícola e pesqueira brasileira em 2024 poderá ser significativo e trazer “surpresas”..
Há o risco de que esse fator influa no PIB e a inflação, aumentando os preços dos alimentos.
A redução do déficit fiscal será mais complicada e mais lenta, do que o inicialmente previsto.
O governo do presidente Lula propôs um novo marco fiscal com uma meta de déficit fiscal de 0,5% do PIB em 2023 e perto de 0% até 2024.
É improvável que isso seja cumprido.
Para executar o novo marco fiscal, o governo necessitaria de medidas adicionais de aumento de receitas fiscais equivalentes a 1,5% do PIB em 2024, enquanto as despesas aumentariam 1,0% do PIB.
Esse marco e o cumprimento das metas primárias serão fundamentais para garantir a sustentabilidade da dívida e restaurar a confiança nas finanças públicas.
A maior dificuldade tem sido a falta de acordo político para mudanças significativas.
As decisões do Congresso reduzem a receita da União e os cortes não equilibram as contas públicas.
O maior ônus recai sobre os assalariados, servidores públicos e a classe média em geral, como sempre aconteceu.
No que se refere ao investimento privado, apresentará uma recuperação leve ao longo de 2024, se a política monetária for mesmo flexibilizada.
Embora haja uma diminuição nos preços das commodities, os produtos agrícolas impulsionarão uma expansão contínua das exportações.
Em matéria de meio ambientee, o desmatamento é a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no país.
Em 2024, uma aplicação mais rigorosa das leis de proteção ambiental, incluindo o Código Florestal Brasileiro, será primordial para combater o desmatamento.
O setor agrícola é a segunda maior fonte direta de emissões de gases de efeito estufa no Brasil
Por fim, preocupa o cenário do mercado de trabalho, no ano de 2024.
Espera-se um menor impacto das incertezas econômicas vindas do exterior, principalmente diante da perspectiva de regularização da política de juros nos EUA, além da estabilização de crescimento da região da Ásia e recuperação na Europa.
Isso pode ter impacto positivo no Brasil, reduzindo inflação e juros, consequentemente melhorando os investimentos no país.
Há uma expectativa de maior geração de empregos, com efeitos sociais positivos.
Este é o quadro resumido das perspectivas da economia do Brasil, em 2024.
Os resultados a serem alcançados não dependerão exclusivamente dos governos.
Terão que ser a soma do espírito público e consciência social de todos os brasileiros.
Confiemos!
Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; relator geral e autor do substitutivo final da Lei de Patentes, na Câmara dos Deputados; Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara; procurador federal – nl@neylopes.com.br
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