O BRASIL NO AR –
Três brasileiros ajudaram o ser humano a dominar o céu. Talvez pensassem como o poeta natalense Djones Santos: “Preciso colocar os pés no chão, / mas a minha vocação é voar. ”
O primeiro deles, Bartolomeu Gusmão (1685 – 1724), é um dos precursores da ciência no Brasil. Apaixonado por física, esse padre inventou uma máquina para transportar água através de canos. Levou ao convento água do mangue, a cem metros de altura. Com o feito, tornou-se o primeiro brasileiro a receber patente de invenção.
Estudando física e matemática na Universidade de Coimbra, Bartolomeu escreveu a Dom João V dizendo ter descoberto “Um instrumento para se andar pelo ar, da mesma sorte que pela terra, pelo mar. ” À época, não seria mais que bruxaria. Considerado louco e apelidado de “voador”, mesmo assim recebeu o apoio do rei.
Ele construiu um balão que se elevou no ar, o “Passarola”. Depois, na Holanda, aumentou seu conhecimento.
Voltando a Portugal, converteu-se ao judaísmo e foi perseguido pela inquisição religiosa. Fugindo para a Espanha, faleceu em Toledo.
O macaibense Augusto Severo (1864 – 1902) foi pioneiro ao provar a dirigibilidade dos balões. Não esquecendo o cientista antecessor, denominou Bartolomeu Gusmão o seu primeiro aeróstato que, em nosso país, voou com equilíbrio e estabilidade.
O seu sonho era ganhar o Prêmio Deutsch, o maior reconhecimento público da arte de voar.
Nesse tempo, a imprensa francesa dividia as suas atenções entre Augusto Severo e Alberto Santos Dumont. Este arrebatou o prestigiado Deutsch.
Severo desejava a paz universal. A bordo do dirigível “Pax”, com o seu mecânico Sachet, voou no dia 12 de maio de 1902, lindamente, contornando a Torre Eiffel, em Paris. De súbito, o povo, que aplaudia o acontecimento, ouviu uma explosão. Os corpos dos aeronautas caíram sobre a Avenida do Maine. São os primeiros mártires da navegação aérea.
Santos Dumont (1873 – 1932) é, certamente, “o pai da aviação”. A sua glória é disputada pelos irmãos Wright, que fizeram voar catapultando um aparelho mais pesado que o ar. Ninguém supera Dumont quanto à honra de ser o primeiro homem a voar em um avião.
Há bons estudos sobre o tema no livro “Geniais Inventores – Brasileiros à Frente do seu Tempo” (2016), de Rodrigo Moura Visoni. Aguardemos a publicação de sua pesquisa denominada “Os Balões de Augusto Severo”.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN