O CASO DA HÉRNIA INGUINAL –
Dias atrás o celular tocou. Era Jesualdo, convidando para caminhar no calçadão do Corredor Vera Arruda, na Jatiuca, queria conversar, sobre mais algumas aventuras que vivenciou durante recentemente.
No horário marcado eu já estava no local, quando chegou ele puxando um “Lulu da Pomerania”, cachorrinho pequenino para combinar em tamanho com o dono. Após forte abraço, foi logo falando: – Você não acredita. Semana passada fui hospitalizado e tive que me submeter à uma cirurgia de hérnia.
E continuou contando que acordou cedo, e foi até a academia realizar os exercícios do dia. Ainda no primeiro equipamento de ginástica, imenso caroço brotou em seu púbis. Retornando para casa, ligou para seu médico, que o chamou ao consultório. Lá chegando foi diagnosticado tratar-se de caso cirúrgico e com urgência. Na mesma tarde, totalmente anestesiado, estava sendo cortado e suturado pelo amigo doutor.
Horas depois acordou em uma sala de recuperação. Ao abrir os olhos, escutou quando a enfermeira se dirigiu para a paciente que se encontrava na maca ao lado e falou: – que beleza, você acordou querida, correu tudo bem, o seu útero foi retirado integralmente. Virou a cabeça, e viu tratar-se de uma garota de talvez vinte anos de idade, que imediatamente respondeu: – meu Deus, me internei para operar o apêndice.
Fiquei preocupado, contou ele, pois ainda anestesiado não sentia nada da cintura para baixo. Imediatamente coloquei as duas mãos de uma só vez por dentro dos lençóis, para verificar se o meu bilau e seus apetrechos se encontravam firmes em seu local ou teriam sido arrancados fora ao invés, da intervenção na hérnia inguinal que tanto me atormentava. Graças ao Pai, comigo não erraram.
Mas ainda não terminou Rostand, continuou ele, dia seguinte já no apartamento, era hora do jantar quando ligaram da portaria avisando a chegada de visitas para mim. No exato instante do anuncio, o casal já entrava nos aposentos, no momento em que minha esposa que estava mastigando pedaço de frango, tentando desocupar a boca para falar com os amigos, engoliu de uma vez, sem mastigar, se engasgando por completo.
Os visitantes pararam na porta, e ficaram a admirar a cena que aconteceu a seguir, sem entender nada. De supetão pulei da cama e dei o maior bofete nas costas de Anita, que de olhos cheios de lágrimas e bem esbugalhados, e mãos no pescoço, grunhia e gemia como nunca houvera feito, já ficando roxa, sem respiração. Com o impacto da pancada, o bolo de comida voou direto na camisa branca do recém chegado, para depois cair sobre o seu sapato cromo alemão preto, enquanto a mulher com um lenço tentava limpar a sujeira. Pense na cena e na agonia!
No mais a experiência hospitalar foi tranquila, afirmou Jesualdo, que sempre me surpreende, levando a crer para que uma amizade se tornar eterna é apenas necessário que o sentimento seja verdadeiro.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras