O CINISMO –

Cinismo, palavra com origem no termo grego kynismos, é o sistema e doutrina filosófica dos cínicos.

Antístenes foi o filósofo fundador da Escola Cínica de Filosofia e mestre de Diógenes de Sinope. Nasceu em Atenas em 445 a.C. e morreu em 365 a.C., aos 80 anos. Antístenes fundou sua escola no ginásio chamado Cinosargos, que em grego significa “cão rápido”.

Em sentido figurado, o cinismo tem uma conotação pejorativa, pois designa o homem bruto, que não respeita sentimentos,  valores estabelecidos, nem convenções sociais.

O famoso escritor britânico Oscar Wilde cunhou uma frase lapidar a respeito do cínico: “Um cínico é um homem que sabe o preço de tudo, mas o valor de nada”.

A  origem do cinismo vem da palavra grega kýon (“cão”, em português), pelo fato de Diógenes de Sinope, o filósofo, dormir no local usado como abrigo para cães. O filósofo faria isso para demonstrar seu desacordo com o modo de viver dos homens.

Antístenes acreditava que a virtude era a única coisa necessária para a felicidade e que ela poderia ser alcançada através do autocontrole e da renúncia aos prazeres materiais.

Os cínicos desprezavam as convenções sociais. Desprezavam a riqueza, o poder e o prestígio, considerando-os como fontes de corrupção e sofrimento. Em vez disso, valorizavam a liberdade, a autossuficiência e a honestidade.

Um cínico é alguém que desafia as normas sociais e as convenções estabelecidas. Eles não se importam com a opinião dos outros e não têm medo de expressar suas opiniões de forma franca e direta. São conhecidos por suas atitudes desafiadoras e sua tendência de ironizar tudo.

Embora o ceticismo cínico tenha suas raízes na Grécia Antiga, ainda podemos encontrar traços dessa filosofia na sociedade contemporânea. Muitas vezes, vemos pessoas que desafiam as normas sociais e questionam as convenções estabelecidas. Não têm medo de expressar suas opiniões e são conhecidas por suas atitudes irreverentes e falta de polidez.

Portanto, o ceticismo cínico pode ser uma fonte de inspiração e reflexão para aqueles que desejam viver de forma autêntica e verdadeira. Ele nos convida a pensar por nós mesmos e a buscar a virtude em um mundo cheio de ilusões.

A origem da escola do Cinismo remonta aos séculos III e II A.C., com um ressurgimento posterior, nos séculos I e II d.C. Alguns filósofos a classificam como escola socrática, na linha de Sócrates-Antístenes-Diógenes. Outros negam a relação Antístenes-Diógenes, não a consideram uma escola socrática e veem em Diógenes o seu fundador e inspirador.

No contexto contemporâneo, o termo “cínico” é frequentemente usado para descrever pessoas que demonstram uma atitude de desrespeito e deboche em relação às motivações e intenções dos outros. Essas pessoas tendem a ser sarcásticas, irônicas e desdenhosas em suas interações sociais. Cometem erros e são injustas, além de não ter respeito a ninguém, salvo quando por interesse próprio.

O grupo de filósofos associados ao Cinismo tornou-se conhecido por seu comportamento, estabelecendo, assim, uma perspectiva ética. Acreditavam que a felicidade estaria relacionada a uma vida simples, em acordo com a natureza, e sem as complexidades das regras e valores sociais. Os cínicos eram, então, pessoas que desprezavam os ordenamentos sociais e viviam em circunstâncias consideradas degradantes para um grego, assemelhando-se a animais.

O comportamento dos filósofos cínicos apontava para uma distinção filosófica entre os aspectos naturais e os costumes humanos, um problema que permeou todo o pensamento filosófico da Grécia Antiga. Eram homens simples, nômades, sem família e sem pátria.

Diógenes de Sinope, Turquia (413/323 a.C.), foi exilado de sua cidade natal e se mudou para  Atenas, onde teria se tornado um discípulo de Antístenes, antigo pupilo de Sócrates. Tornou-se um mendigo que habitava as ruas de Atenas, fazendo da pobreza extrema uma virtude.  Diz a História, que ele teria vivido em uma pipa ou barril, e perambulava pelas ruas, carregando uma lamparina, durante o dia, alegando estar procurando por um homem honesto.
Posteriormente, estabeleceu-se em Corinto, onde continuou a buscar o ideal cínico da autossuficiência: uma vida que fosse natural e não dependesse das luxúrias da civilização. Por acreditar que a virtude era melhor revelada na ação, do que na teoria, sua vida consistiu de uma campanha incansável para desbancar as instituições e valores sociais daquilo ele via como uma sociedade corrupta.
Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo, que perpetuou a indiferença cínica, perante os valores da sociedade da qual fazia parte.
Reza a lenda, que ele vivia em uma pipa ou barril. E que que seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e autossuficiência perante o mundo).
Diógenes é tido como um dos primeiros homens (antecedido por Sócrates com a sua célebre frase “Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo.”) a afirmar, “Sou uma criatura do mundo (cosmos), e não de um estado ou uma cidade (polis) particular”, manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo.

Igualmente famosa é sua história com  Alexandre, o Grande, que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que, devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para Alexandre, disse: “deixa-me ao meu sol!”. Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: “Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes.”

 

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora

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