O COTIDIANO DE AGORA –
Após um feriado sem graça para mim, acordei no novo quarto de dormir que fiz para o regresso da minha THEREZINHA, o que Deus não permitiu, e que agora dele faço o meu refúgio, vivendo o silêncio incômodo da solidão, que aumenta a saudade dia a dia.
Muitos podem pensar que eu estou ultrapassando o natural de quem entra na viuvez! Mas perdoem, é muito mais que isso, porque não tenho mais um beijo para a pessoa que completou a minha vida durante 56 anos e agora está somente na lembrança e no seu retrato que beijo todos os dias, sem conter as lágrimas de saudade.
Não é algo que exija um tratamento, mas um hábito que devo conservar até o fim dos meus dias, posto que com a falta física do meu porto seguro, insisto com ela dialogar de maneira transcendente e recebo atendimento numa intuição mental do que devo fazer durante o dia, escolher as prioridades e dar as ordens naturais para que a casa permaneça na mais perfeita sustentabilidade.
Continuo fazendo o café matinal enquanto chegam as minhas colaboradoras domésticas e então oriento a comida dos gatos, a limpeza, o menu do dia, as compras e pagamentos agendados, para depois iniciar minhas tarefas profissionais e culturais, cortadas, de quando em vez, pela emoção de alguma coisa que me traz a sua lembrança de volta e isso existe nos quatro pontos cardeais da casa e do escritório.
Sinceramente, me pergunto, tudo isso para quem? E a resposta metaboliza o que Thereza certamente diria: e os nossos filhos? Então volto à realidade da vida.
Hoje, decidi realizar uma tarefa diferente – restaurar algumas imagens desgastadas pelo tempo ou faltando algum adereço que se perdeu. Com paciência e cuidado restauro as peças e as faço retornar ao lugar correto da casa.
Seja como for, tenho que enganar o tempo para aguardar o dia do meu reencontro, que será lindo como foi toda a nossa vida.
Amigos, não posso variar de tema, porque ainda que consiga vencer mais alguns anos de vida, jamais esquecerei quem foi parceira, amante, confidente, conciliadora, amiga, companheira, dedicada aos filhos, caridosa, solidária, honrada, comunicativa e agora Santa do meu altar, pelo exemplo bom que passou a todos que com ela conviveram.