O DESAFIO DA EDUCAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE –
A educação sempre estará a correr atrás do prejuízo. Os educadores em geral e os professores em particular não estão numa posição de vanguarda nas mudanças sociais. Estas vêm sendo promovidas pela mídia e educadores e professores se põem a correr atrás, buscando se atualizar e se adaptar aos novos tempos. O mais triste é que muita gente que está a lidar na área de educação não tem muita noção do mundo ao seu redor.
É preciso enxergar a realidade presente chamada de pós-modernidade. A pós-modernidade é uma reação à modernidade. O crescimento econômico trouxe uma profunda crise existencial, por mais incrível que pareça. A verdade é que, a riqueza material sem o lastro espiritual traz a ganância e o viver em função de bens traz a indiferença para com os necessitados. Surge a ociosidade, mãe de todos os vícios e irmã de muitas frustrações.
O mito do futuro melhor se esboroou. Ele era a base da modernidade. Uma das consequências da modernidade foi a secularização. A secularização colocou a técnica no lugar de Deus. Colocou suas esperanças na educação do ser humano. Chegou a confundir, muitas vezes, capacitação tecnológica com educação. O regime militar brasileiro, por exemplo, acabou com o curso clássico e com o ensino de Filosofia e Ciências Sociais e nos deu os cursos profissionalizantes. O Brasil necessitava, desesperadamente, da tecnologia, para entrar numa fase de desenvolvimento. A utopia humana, afinal, viria pela ciência e pela técnica. Educar era capacitar. A pós-modernidade modificou, mais uma vez, o cenário. Perdeu a utopia. Perdeu os ideais. Sacralizou o fático (de fato) e renunciou combater e mudar as injustiças sociais.
A pergunta difícil de responder é esta: como educar, neste contexto?
É uma situação desvantajosa para o educador, geralmente produto de outra cultura. Muitas vezes ele mesmo vive em conflito por causa do choque cultural. Foi criado num estilo, mas já assimilou padrões de outros estilos. Como educar na sociedade da pós-modernidade, que se perdeu no colapso das crenças, na busca da novidade exótica, na necessidade de escandalizar, no estilo individualista e narcisista, na falta de cosmovisão, na perda do sentido de História e na substituição da ética pela estética? Pontuamos, a seguir, alguns caminhos de respostas:
1) é preciso lembrar que temos valores eternos e inegociáveis. Há a imperiosa necessidade de se ter uma cosmovisão espiritual completa e viver nessa dimensão;
2) educação não é repressão. As relações na educação devem ser calorosas, sadias e honestas. As pessoas devem ser ouvidas e levadas a sério;
3) coerência é fundamental. O educador deve crer no que prega em sala de aula. O educador digno do nome é alguém que busca ser modelo.
Finalmente, educação sempre será um ato de amor, independente da época, moderna, pós-moderna ou globalizada. Educar é lidar com gente. Gente tem valor, é preciosa, e lidar com gente pressupõe amá-las. Educar na pós-modernidade é dar respostas
para a vida.
Josoniel Fonsêca – advogado, professor, membro da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte-ALEJURN, [email protected]