O DESCASO –
Verão de 2021. Apesar da pandemia ainda atuante e em ascensão, estamos na estação de veraneio na pequena, desejada e deslumbrante praia de Pirangi/Parnamirim/RN.
O momento é o melhor: de relaxamento, unir e desfrutar a família, mesmo tendo ainda de manter o distanciamento imposto pelas justas regras da vigilância sanitária.
Como nada neste mundo é perfeito e, também, nem sempre acontece do jeito que a gente deseja e gosta, um fato inesperado, atemporal, aconteceu neste bom momento de descanso praiano.
Na tranquilidade do nosso lar, uma pessoa da família, de um momento para o outro, em questão de segundos, de minutos, começou a sentir uma fortíssima dor na região lombar esquerda, sudorese profusa, palidez acentuada, inquietação notória e ânsias de vômitos.
Imediatamente, tomamos a iniciativa de conduzir o paciente para o local mais próximo possível, que tivesse as condições mínimas de um atendimento médico emergencial.
Procuramos de imediato o pronto atendimento (Posto de Saúde) da localidade — Praia de Pirangi.
Ao dirigirmos à recepção com o paciente em altos gemidos, esboçando sofrimento agudo e emergencial, fomos informados que o médico plantonista tinha ido almoçar( portanto, não sabia informar a hora do seu retorno) e que ainda havia muita gente na frente aguardando para ser atendida.
Não havia tempo a perder; pegamos a estrada em direção a Natal ( o carro em alta velocidade, correndo riscos e mais riscos) à procura de um Hospital que atendesse o sofrido enfermo. Felizmente, depois do grande susto, de um estresse agudo e algumas horas, o atendimento emergencial foi feito com êxito.
Realmente, foi um momento de muita aflição, muita angústia e muita decepção; ficamos a imaginar como estamos a céu aberto, a deus-dará, correndo o sério perigo em caso de uma necessidade emergencial médica na praia de Pirangi.
A região, nesse período, tem um aumento geométrico na sua população; motivo pelo qual os senhores responsáveis pela saúde pública do Município de Parnamirim deveriam preparar uma infraestrutura básica para atender aqueles que procurassem o único local de atendimento médico em toda região praiana. Verdadeiro engano, o que vimos e sentimos foi o absurdo do descaso com a população que hoje ocupa toda essa área praiana.
Diante do ocorrido, só nos resta fazer um apelo às autoridades da saúde pública do Município de Parnamirim, para chegarem com ações efetivas e humanas a fim de evitar esse inconcebível e desumano “desatendimento”.
Lembrem-se, estamos todos no mesmo balaio, no mesmo barco. A população cobra, exige e clama por direito de justiça por um serviço à altura do alto valor cobrado e pago pelo Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da região.
Descaso: desprezo; comportamento próprio da pessoa que não se importa, que não dá atenção, que age com indiferença. Ausência de consideração, de cuidado, de atenção.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]