O DISCURSO HISTÓRICO DE MACRON –
Emmanuel Macron chegou à presidência da França, quebrando o recorde de 170 anos, pertencente a Luís Napoleão Bonaparte, que assumiu o poder aos 40 anos, em 1848.
Macron tornou-se o presidente eleito aos 39 anos, nascido em Amiens, numa família de classe média.
Ganhou a eleição com 65,68% dos votos e abstenção de 24,66%, a maior desde 1969.
Em momento conturbado da política francesa, Macron recebeu a missão de restabelecer a segurança interna do país, abalada pelo terrorismo, além de romper os bloqueios da economia, da sociedade e preparar a França para o futuro, ao estilo da tradição De Gaulle e Mitterand, política que segundo analistas não foi seguida por Hollande e Sarkosy, seus antecessores.
No início desta semana, Macron visitou Donald Trump, na primeira viagem oficial aos Estados Unidos de um líder estrangeiro, desde a eleição do Presidente americano, em novembro de 2016.
Após a troca de beijos na recepção da chegada, Emmanuel Macron surpreendeu, ao discursar na sessão conjunta no Capitólio, quando foi interrompido 23 vezes pelos aplausos entusiásticos da plateia.
O curioso é que, antes do pronunciamento, o presidente norte-americano dizia no “Twitter”, que estava “desejoso” de ouvi-lo, acrescentando: “Ele vai ser ótimo”.
Após o vigoroso discurso de Macron, Trump não reagiu nas redes sociais. Simplesmente, silenciou.
Macron, na medida em que não é de direita nem de esquerda, se mostrou firme, marcando um europeísmo sem complexos e sem concessões, estandarte da democracia e do multilateralismo.
Ao abordar o acordo de Paris sobre o clima, do qual os Estados Unidos saíram, o presidente francês disse esperar que recuassem dessa posição.
O Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas impõe aos países signatários conter o aquecimento global em até 2º C em relação aos níveis pré-industriais, com o objetivo de não superar o 1,5º de aumento da temperatura mundial até 2100.
Macron lembrou no discurso: “Ao poluir os oceanos, ao reduzir a biodiversidade, nós matamos o nosso planeta. Não há um planeta B.”.
Defendeu a ciência, no que diz respeito às alterações climáticas.
Cabe relembrar que Trump, quando se negou a assinar o Acordo de Paris, usou argumentos egoístas e pseudo nacionalistas, como por exemplo, que havia sido eleito para favorecer empresas petrolíferas e os mineiros do carvão, acabando com a guerra contra o que denominou “bonito e limpo carvão”.
Ao contrário, todos sabem que o carvão é um dos principais poluentes atmosféricos, responsável inclusive por problemas respiratórios.
A tresloucada saída dos Estados Unidos, segundo maior produtor mundial de gás de efeito estufa, minou o acordo internacional de Paris, o primeiro da história em que os 195 países da ONU se comprometem a reduzir suas emissões.
Segundo levantamentos realizados por várias universidades e centros de pesquisa de diferentes países do mundo, a saída americana acrescenta 3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) emitido por ano na atmosfera, aumentando a temperatura da Terra entre 0,1º e 0,3º C até o final do século.
Verdadeiro crime contra a Humanidade!
Observe-se que o “estilo” imperial e draconiano usado por Trump nas questões de estado, assemelha-se as estratégias de homens de negócios, que impõem condições prévias nas negociações, como forma de ameaça, na busca de acordos e compensações, que viabilizem os seus interesses.
Esse comportamento não se justifica em relações de estado.
O caso recente do ditador norte coreano é emblemático do “estilo atual da Casa Branca”.
Trump elogiou no início da semana Kim Jong-um, chamando-o de “uma pessoa honrada”.
Esses elogios de à Kim contrastam com a dura linguagem com o qual o presidente americano costumava se referir ao líder norte-coreano no ano passado, quando deu a ele o apelido de “homem foguete” e ameaçou, em discurso na Assembleia Geral da ONU em setembro, “destruir totalmente” a Coreia do Norte.
Ao fazer essa recente afirmação de elogio, Trump olhou para o jornalista do Wall Street Journal e exclamou com cinismo: “Eu acho que você está surpreso”.
Mais uma vez, Trump revela ser impulsivo, excessivo e com um ego gigantesco.
Usa sempre opiniões corrosivas, que encontram ressonância nas frustrações e inseguranças dos americanos, em um mundo em mutação.
O pronunciamento de Macron no Capitólio foi realmente histórico.
Interpreta o protesto do Planeta contrário às atitudes, gestos e decisões do governante da maior potência mundial, Donald Trump, que não segue as tradições de um país conhecido como o berço das liberdades e da Democracia.