O ESPERADO ACONTECEU –
Mês de novembro/2020, efervescência eleitoral com a confirmação das eleições municipais anunciada pelo Superior Tribunal Eleitoral (STE).
O acontecimento me fez lembrar e voltar à crônica “Contrassenso”, escrita há meses neste blog.
A preocupação maior estava voltada para a provável e evidente desobediência por parte dos envolvidos na festança eleitoral, ou seja, no total relaxamento das normas exigidas pela vigilância sanitária; o que levaria (como tem sido demonstrado) a uma mudança considerada na curva de disseminação e propagação do coronavírus.
Eis o escrito: “Perdemos milhares de vidas, amigos, familiares, vizinhos; perdemos um número significativo de pessoas da linha de frente do combate: médicos, paramédicos, funcionários administrativos dos hospitais; um horror, um tsunami mortal”.
Momento de tristeza inimaginável ver famílias e mais famílias não podendo sequer sepultar seus entes queridos.
Diante de tanto sofrimento, de tanta tristeza, a ciência vem procurando, a todo custo, tomar conhecimento sobre essa nova e inesperada doença; do seu alto poder de transmissibilidade e letalidade; da observância e do acompanhamento do dia a dia da sua evolução; a pesquisa incessante de vacinas; a exigência rigorosa com as medidas sanitárias profiláticas: o distanciamento social com todo rigor, o cumprimento do uso da máscara e a prática corrente da lavagem das mãos e o uso do álcool em gel.
Na contramão de tudo isso e remando contra uma maré brava sanitária, o Superior Tribunal Eleitoral (STE) e o Ministério Público Eleitoral (MPE) autorizaram para novembro as eleições municipais, sem ao menos consultar as autoridades médicas; sem acompanhar seus diários evolutivos.
Como fazer campanha política sem juntar pessoas? Como evitar aglomerações no calor de uma disputa política? Como obedecer às normas sanitárias que vêm dando resultados positivos, mostrando e revelando a queda do número de infectados e de mortes pelo coronavírus?
Não é um estupidez sem limites? Uma irracionalidade? Uma insensibilidade gritante?
Aglomerações e mais aglomerações em comícios promovidos no interior do Estado, em francos, vibrantes e febris festejos eleitorais, sem nenhuma obediência às normas médicas e sanitárias exigidas. Nem aí para o coronavírus!
Em palavras finais: com esse cenário aberto e escancarado, o coronavírus vai permanecer mais tempo no nosso meio. Mais pessoas serão contaminadas e muitos morrerão ainda. Tudo por pura teimosia e irracionalidade humana.
Resta-nos saber quantas velas serão acesas e quantas famílias ainda não vão sepultar seus entes queridos.
O esperado e fabricado momento aconteceu. Infelizmente!
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]