O FUTEBOL COMO LEMBRANÇA –

Final da década de 1950, os bairros do Tirol e Petrópolis, com suas ruas largas e sem calçamentos, eram o chamativo maior e verdadeiro para a meninada criar seus campos de peladas de futebol.

Residia na rua Mossoró, quase esquina com a rua Rodrigues Alves, próximo ao Estádio Juvenal Lamartine, palco maior do nosso futebol.

O local escolhido para os nossos embates peladeiros era na avenida Rodrigues Alves, em frente a casa de um dos líderes da pelada, de nome

Rolando; do outro, ficava a residência da família Lamartine (Peninha, Otávio, Sérgio e Eduardo (Dudu).

Dali para o Estádio Juvenal Lamartine a distância era bem curta, daí a nossa grande assiduidade; chegando até mesmo a assistir treinos de times pequenos e insignificantes. .

Nos jogos oficiais, quando não conseguíamos entrar pela via legal (pagando), arriscávamos um pulinho pelos lugares mais vulneráveis do Estádio; ou então, assistíamos os embates apoiado nos galhos das mangueiras do sítio das freiras, anexo ao campo; ou ainda, uma terceira opção: de cima daa dunas que ficavam por trás do Estádio, com um detalhe especial: saboreando as gostosas frutas silvestres existentes no local. Tudo era muita aventura, muito novo, muito divertido e original.

Com esse desenho vislumbrado e absorvido mentalmente, fui criando gosto e vontade para praticar aquela atividade esportiva que tanto me fascinava e me atraía: – o futebol.

Certa vez, atuando em uma dessas peladas no areal da rua Afonso Pena, fui visto pelo olheiro do ABC FC, de nome Zé Negrinho (caçador e descobridor de craques), que me fez o convite para treinar no campo do time alvinegro, na esquina da Rua Potengi. Fiquei inibido, assustado e nervoso com a convocação.

Enfrentei o desafio e me fiz presente no treinamento. Não decepcionei e fui muito bem aceito. Daí em diante, foi só “bola pra frente”. Tive uma passagem rápida no time juvenil do Riachuelo, chegando a disputar jogos no certame oficial da cidade.

O caminho percorrido foi rápido e fértil, culminando com o bicampeonato pelo Alecrim FC nos de 1963/64); campeão pelo América FC no ano de 1967, quando encerrei minha participação como atleta profissional, já estudando medicina.

Na estrada percorrida, deixei rastros memoráveis: aos 19 anos, em 1962, fui convocado para fazer parte da Seleção Potiguar, na posição de quarta-zagueiro na disputar do Campeonato Brasileiro de Seleções interestaduais. Assumi a titularidade e participei dos jogos realizados contra a Seleção do Estado do Ceará.

Em seguida, fui escolhido pela imprensa desportiva, como atleta do século XX atuando pela equipe do Alecrim Futebol Clube. Uma glória!

Um orgulho! Uma apoteose!

Essa foi a minha trajetória no futebol potiguar, que teve duração efêmera, mas, que até hoje sou reverenciado quando o assunto é o bom futebol potiguar praticado no passado.

Boas e saudáveis lembranças.

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor

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