O HOMEM DO COMETA –
O pai da literatura norte-americana, Mark Twain (1835-1910), o homem do cometa, continua a iluminar a literatura internacional.
Os seus livros, como: “As Aventuras de Tom Sawyer”, “Huckleberry Finn”, “O Príncipe e o Mendigo”, entre outros, ajudam pessoas de todas as idades a pensar. É insuperado na literatura infantojuvenil. Costumes, humor, sátira, sentimento do mundo. Recolheu todos os saberes dos mais variados exercícios profissionais. Por uso da cultura de sua época, ele utilizou a palavra nigger (ou seja, negro). Por isso, foi censurado pelos que o julgam com a mentalidade do politicamente correto de hoje.
Grande inovador da literatura de seu país. Antes dos seus livros, havia uma grande influência europeia. Foi tipógrafo, mineiro, condutor e piloto de barco no Mississipi, empresário falido, exímio palestrante, jornalista e escritor. Mark Twain mudou de cidade como mudava de profissão.
Patriota, nos seus escritos está sempre o ativista do anti-imperialismo. Exerceu dura crítica quando os Estados Unidos invadiram as Filipinas. Escreveu protestando: “nossa bandeira, com as listas brancas tingidas de preto e as estrelas substituídas pelo crânio e as tíbias cruzadas.” E ainda: “eu me recuso a aceitar que a águia crave suas garras em outras terras. ” Essas palavras ecoaram em todo o povo, influenciando, seguidamente, personalidades que não tiveram a mesma sorte que a sua, como, por exemplo, Thoreau.
Formado na Universidade de Harvard, Henry David Thoreau foi morar em uma cabana à beira do Lago Walden. O poeta Ralph Waldo Emerson tirou-o do exílio para escrever em um jornal. O seu primeiro artigo condenava a invasão do México e pedia que ninguém pagasse impostos a um país que não respeitava os seus vizinhos. Por ordem judicial, foi preso. Seu amigo poeta foi visitá-lo na cadeia, e perguntou-lhe o que havia acontecido: “Por que você está preso? ”. Thoreau respondeu: “Eu quero saber por que você não está aqui? ”. Sob sua influência, lutaram Martin Luther King e Mahatma Gandhi. Os dois foram mortos por ideias libertárias.
Dostoiévski dizia conhecer o homem pelo seu riso. Mark Twain levava o seu sorriso aonde ia. As suas frases demoradas, além de fazer refletir, provocam sorrisos: “Quanto mais velho fico, mais claramente me lembro de coisas que nunca aconteceram. ” Ou ainda: “Algumas pessoas preferem o paraíso pelo clima e o inferno pela companhia. ”
Adepto da psicologia e da parapsicologia, ensinava: “Cada um de nós é uma lua e tem um lado escuro que nunca mostra a ninguém. ” Inexplicavelmente, adivinhou a morte do irmão querido que estava bem. E, nascido no ano em que se avistou o cometa Halley, avisou que com ele partiria. Morreu no dia anterior à aparição do cometa. Não por ele, mas muitos cometeram o suicídio por terem crença no sobrenatural.
A luz de Mark Twain, todavia, não é passageira. Ele, que é cometa, acendeu estrelas (grandes homens) e continua amado pelo povo.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN
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