O HOMEM E O NOME –
Ao contrário do que parece, este artigo não objetiva analisar nomes e personalidades, mas simplesmente exaltar a força da credibilidade da Palavra.
Os novos tempos praticamente suprimiram o mitológico “acordo de cavalheiros”, onde a palavra das partes avalizava todo o negócio por elas praticado. Hoje contamos com contratos, que, apesar de bem feitos, “amarradíssimos”, não garantem o cumprimento daquilo que foi estipulado. E não é só no âmbito jurídico que se sente a ausência da firmeza da promessa. Com a família, com os amigos, no trabalho… Em todo lugar somos capazes de verificar a falta de fidúcia e de compromisso.
Um contrato não adimplido resta à parte lesada acionar a justiça e aguardar, para que esta veja a efetivação do que fora estipulado. Nos meios mais informais, porém, a confiança é posta à prova tantas e tantas vezes que, em alguns casos, é incrivelmente árduo tentar recuperá-la. Parentes, amigos e colegas que “furam” umas quantas vezes, de modo que já não somos capazes de somar, tornaram-se lugares-comuns. E tudo o que se pode fazer nesses casos é torcer para que da próxima vez eles não falhem.
O homem moderno deixou de lado seu principal avalista, seu maior tesouro: a sua própria credibilidade. Esquecendo-se dos dissabores que já sentiram ao ter um compromisso quebrado sem avisos tempestivos ou justificativas suficientes, os criadores da mentira, das falsas promessas e das palavras vãs estão, agora, provando o sabor do próprio veneno, pois a prática da arte de enrolar está se alastrando rapidamente.
A situação econômica das pessoas muda, o status e o emprego são coisas transitórias. Mas seus atos ficam, sua palavra, tudo que foi dito, são entalhados nas mentes daqueles que o cercam e isso inclui os compromissos (não) cumpridos. A palavra empenhada deveria equivaler ao fato consumado para todos, mas, lamentavelmente, não o é.
Diante da proporção alcançada pelas manifestações de quebra de acordos e pela capacidade de se torcer o que foi dito, as pessoas em geral encontram dificuldades em afiançar as palavras alheias. A credibilidade generalizada perdeu-se e não há quem consiga resgatá-la enquanto insiste em por à prova a própria palavra. Enquanto o objetivo for não corporificar em atos as promessas, não haverá triunfo do que é real, viveremos divididos em dois universos: aquele onde se fala e outro onde se cumpre.
Devemos conscientizar a todos a importância da confiança e da efetivação dos compromissos, a importância da revitalização do “acordo de cavalheiros”, a importância de plantar e cultivar a própria credibilidade. Do contrário, o prejuízo causado pelo descrédito alastrar-se-á mundo afora, impedindo nossa crença em tudo, inclusive em nós mesmos.
Ana Luiza Rabelo – Advogada ([email protected])