O MAIOR PODER E AS BUNDAS JULGADAS –
Caminhando em Ponta Negra no último domingo, observei que a maré deve ter sido muito brava no dia anterior.
Pedras intocadas surgiram e cavadas profundas revelaram geografias ocultas por anos.
Além da percepção das curvas naturais que repentinamente viraram realidade na paisagem da praia, fui olhando e vendo bundas.
De todas as cores, de lado, para baixo e ao alto, as nádegas dominicais, nada santas, proporcionam um mergulho no maior dos poderes, o judiciário.
Digo isso por cada um de nós ser de alguma forma um juiz, e julgar cada coisa a partir de ângulos, visões ou percepções próprias.
Se prestarmos atenção no tribunal do cotidiano, estamos sempre pensando, analisando e, claro, julgando.
As bundas então, empinadas, chochas, turbinadas, esbeltas, recatadas, ousadas, amostradas ou do lar, me fizeram avaliar a personalidade de cada proprietária.
As que emolduram as bundas com farrapos de tecidos, quase imperceptíveis, me parecem um tanto quanto oferecidas, já umas bundas padronizadas na estética da normalidade, adornadas com biquínis legais, passam um quê de almas com bundas e personalidades legais.
Enfim, no universo das bundas em geral, a cada saliência uma maledicência ou uma pertinência ornamental e pensamental.
Flávio Rezende – Jornalista e ativista social