O MARXISMO RECONFIGURADO EM FASCISMO – 

A Civilização surgiu do gradual controle dos instintos, tolerância com os outros, linguagem compreensível, ideias claras, debate livre, e o desenvolvimento de coisas mais elaboradas como ética, moral, religião, ciência. O pré-modernismo, que perdurou de 400d.c. a 1.400d.c, se apoiava na fé ou no misticismo, se reportava a uma realidade sobrenatural, possuía uma ética de altruísmo e compromissos coletivistas com ênfase a realidades e autoridades superiores políticas, sociais ou religiosas. O modernismo, nascido com o Iluminismo, adotando como eixo experiência e razão, e uma ética voltada para o individualismo, faz a ciência avançar, surge o liberalismo e a democracia, irrompem os mercados livres e o capitalismo, os indivíduos se tornam mais livres, mais ricos e mais longevos. O fim da história parecia a marcha incoercível para a democracia liberal e o capitalismo. O fracasso do modelo comunista de materialismo coletivista parecia ter deixado o Marxismo na poeira da história, mas ele se renovou e se reencontrou no pós-modernismo, nas filosofias da Identidade de grupo, com abrangências sobre sexo, gênero, raça e preferência sexual, que formaram “o mais audacioso e abrangente esforço, desde a guerra fria, de se criar uma nova ideologia”, escreve Murray em A Loucura das Massas. O pós-modernismo é um ataque raivoso ao capitalismo e às formas liberais de governo, à ciência e à tecnologia, a realidade natural é contestada com o antirrealismo, a experiência e a razão com o subjetivismo sociolinguístico, a identidade visual e a autonomia com o racismo e sexismo, os interesses harmoniosos do ser humano com as ideias de conflito e a opressão. Raça, sexo ou qualquer grupo a que se pertença passam a moldar opiniões e sentimentos, qualquer objetividade ou verdade pode ser desconstruída e qualquer tema pode virar campo de batalha. Como não existem princípios legais que sejam válidos, os argumentos passam a ser batalhas retóricas de vontades. Como o ser é indeterminado, a educação deve ser aquela capaz de criar um ser sensível a sua identidade racial, sexual e de classe. Se o Universo é uma máquina que tem como força primária a gravidade e a sociedade se move pelo interesse proprio, o homem também é visto como máquina movida pelas paixões. Pode-se entender que quem atiçar ou controlar as paixões poderá controlar o homem. A reconfiguração da sociedade pelos chamados movimentos sociais de libertação promete um mundo novo. Promovendo a servidão às paixões e pulsões, o próximo passo é fazer o homem defender aquilo como se fosse sua liberdade, ou sua habilidade de satisfazer seus desejos sem freios ou limites, aí o gênio atinge o interesse final, o controle político da sociedade transformada. Quando as paixões são libertas da obediência à lei moral tradicional, arrisca-se que a sociedade colapse. Uma ideologia, um partido, uma sociologia substituta da religião assume o controle para que a ordem emerja do caos. O controle, através do ativismo, da doutrinação e até da repressão, substitui o autocontrole, freio anterior das pulsões. A vontade de poder substitui a natureza, a tradição, a religião; a cultura, justiça social, política de identidade de grupos e interseccionalidade, como blocos de sustentação de uma nova moralidade e de uma nova metafísica, formam a base da nova cultura geral. Uma ideologia se destina a “fornecer a um sistema de poder existente ou a aspirações ao poder, uma legitimidade baseada na posse da verdade absoluta e abrangente”, aponta Leszek Kolakowski. Para se proteger do contraditório, o politicamente correto de mãos dadas com o identitarismo e o multiculturalismo se autorizam usar como armas a censura, a interdição do debate e a intimidação. “Se a fé cristã sustentou o ideal do serviço amoroso, não importa o quanto tenha se desviado dele na prática, então a antítese revolucionária desse ideal só poderia ser a ideia da dominação”, o uso do termo liberdade seria apenas um termo a justificar seu oposto, diz E. Michael Jones, em Libido Dominandi. O marxismo, derrotado como modelo econômico, redescobriu-se como fascismo identitário.

 

 

 

 

Geraldo Ferreira – Pres. SinmedRN

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