Quinta-feira passada a Igreja Católica celebrou o Corpus Christi, o mistério da Eucaristia, o sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo. Daí eu escrever este texto para ser interpretado sob a ótica da análise científica que o embasa, sem querer influenciar ninguém nem descambar para qualquer tipo de exagero místico.
Trata-se do mistério de Lanciano, antigo vilarejo italiano. O fato se deu no mosteiro de São Legoziano, abrigo dos monges de Sâo Basílio, em meados do ano 700 depois de Cristo. Dentre eles havia um cuja fé vacilava. Duvidava que a hóstia consagrada fosse o verdadeiro Corpo de Cristo e, o vinho, o Seu verdadeiro Sangue.
Certa manhã, celebrando a Santa Missa, atormentado por sua dúvida, o monge viu a hóstia se converter em carne viva e o vinho em sangue vivo. Confuso e dominado pelo temor, permaneceu longo tempo tomado pelo êxtase diante da constatação sobrenatural. Visivelmente emocionado ele voltou-se para as pessoas presentes à celebração conclamando-as para, também, atestarem a ocorrência.
A suspeita do monge quanto à transubstanciação havia se dissipado. Os fieis guardaram as relíquias num tabernáculo de marfim e, adiante, em 1713, as transferiram para uma custódia de prata e um cálice de cristal, onde permanecem até hoje, na Igreja de São Francisco, na mesma localidade.
Pois bem, a Hóstia-Carne, como se observa no santuário que a abriga, tem o tamanho da hóstia grande em uso na Igreja Latina. É ligeiramente escura e quando olhada contra a luz adquire um colorido róseo. O Sangue está coagulado em cinco glóbulos irregulares e diferentes um do outro e, em sua forma e tamanho, tem cor de terra tendente ao ocre. Um estupor para os olhos.
Em novembro de 1970, os Frades Menores Conventuais cuidadores da Igreja do Milagre, com a autorização de Roma, resolveram confiar a um grupo de eméritos professores italianos a perícia científica das relíquias, datadas de doze séculos.
As análises procedidas com absoluto rigor científico e documental de uma série de fotografias ao microscópio foram publicadas em inúmeras revistas científicas de todo o mundo. Eis as conclusões surpreendentes:
“A Carne é verdadeiramente carne. O Sangue é verdadeiro sangue. Um e outro são carne e sangue humanos. A carne e sangue são do mesmo grupo sanguíneo (AB) – o mesmo do Santo Sudário. A carne e sangue SÃO DE UMA PESSOA VIVA. O diagrama deste sangue corresponde a de um sangue humano que tenha sido retirado de um corpo humano NAQUELE MESMO DIA”.
“A Carne é constituída de tecido muscular do Coração (miocárdio). A conservação dessas relíquias deixadas em estado natural durante séculos e expostas à ação de agentes físicos atmosféricos e biológicos permanece um fenômeno extraordinário”.
Outro detalhe inexplicável: pesando-se as pedrinhas de sangue coagulado – e todas são de tamanhos diferentes-, cada uma delas tem o mesmo peso das pedrinhas juntas.
A verdade é que a ciência se rendeu ante as evidências extraordinárias do mistério de Lanciano. Os ateus, certamente, apontarão fraudes nas análises das relíquias ou debitarão os resultados obtidos no rol de enigmas pesquisados carentes de solução. Já os crentes, racionalizarão a ocorrência como um milagre de Deus.
Quanto a mim, se provocado, eu me alinho com os últimos.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – jnsousa29@gmail.com
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