O MUNDO ATORDOADO NA ERA DA INFORMAÇÃO – 

A vida na Era da Informação é agitada, há cada vez mais barulho na busca de olhos, ouvidos, atenção e interação nas telas. As tecnologias da informação e da comunicação fizeram a vida mais eficiente e conveniente, mas T. S. Eliot há quase um século alertava para não confundir informação com conhecimento, nem conhecimento com sabedoria. John Stonestreet e Brett Kunkle, em A Practical Guide to Culture, dizem que também podemos chamar a Era da Informação de Era das Ideias. Algumas verdadeiras, outras falsa. Nem todas trazem consequências importantes, mas quanto mais importante a ideia, maior capacidade de impacto ela tem, elas não ficam nos livros, pulam das páginas, ou das telas, e caminham no mundo, e influenciam a forma como pensamos e vivemos. Moldam a sociedade e dirigem o curso da história. Más ideias geram vítimas, um dos grandes desafios a saber é o que é verdade no mundo da competição das ideias, que é também o mundo da competição por autoridade. Confunde-se proposição com argumento, sentimento com razão, o caminho através da cultura é difícil e requer complexos e intrincados raciocínios. Uma guerra dura é travada entre o que é certo e o que é relativo, entre o flexível e o verdadeiro. Tolerância significa tratar os outros com respeito, mesmo com visão diferente, não é necessariamente abraçar a visão do outro. Uma das questões mais alucinantes de nossa época é o que Audous Huxley chamou “apetite infinito para o divertimento”. O entretenimento suga das pessoas o tempo e a energia intelectual, criando uma cultura onde só nos preocupamos conosco mesmos, e não nos importamos mais em interagir ou cuidar dos outros. Num mundo de más ideias, boas ideias devem ser garimpadas. O discernimento é a bússola para distinguir o verdadeiro da mentira, o genuíno do falso, e o bom do mal. Nossa visão do mundo faz a moldura do sentido do que acontece no mundo e seu reflexo para nós, valores, comportamentos, tudo inculca nossa decisão de lutar pelo certo e verdadeiro ou simplesmente nos acomodar. As pessoas quando se separam dos seus celulares tem provado coisas estranhas, sentem o telefone tocando ou vibrando, as chamadas fantasmas, enquanto o procuram nos bolsos ou bolsas, ouvem chamados ou imaginam mensagens chegando. Antes se pensava que o computador liberaria as pessoas do trabalho, sendo de alguma forma executor de suas tarefas, mas o que aconteceu foi o computador nos aprisionando e escravizando, nos distanciando de nossas vidas reais e de nós mesmos. De 2004 a 2009 as crianças aumentaram em 90 minutos o tempo em frente a jogos, tv ou na internet. Os americanos gastam em média dez horas por dia em frente a uma tela. As telas estão obsessivamente em todos os lugares. Mergulhadas nas telas as pessoas não percebem o que está ocorrendo ao seu redor, não sabem o que estão deixando de viver. E perdem por sua vez a capacidade de interação real, solidariedade com os outros, integração e habilidade de ser verdadeiro e honesto. Ganha-se um falso sentimento de intimidade e conexão com outros. Procuram-se seguidores em vez de amigos. A confusão entre público e privado já se estabeleceu há tempo, obrigando algumas formas de interação online a serem verdadeiras ciladas para o eu, em que uma vida inteiramente falsa às vezes é criada e vivida. Koch descreve cinco mentiras incutidas nas mentes pela cultura tecnológica da Era da Informação: Eu sou o centro de minha vida, eu posso e mereço ser feliz o tempo todo, eu sou dono de minhas escolhas e posso escolher o que quiser, não me subordino a nada e sou minha própria autoridade, eu preciso apenas de informação e não preciso de professores. Há prodígios, deslumbramento e perigos nas infovias que percorremos, a velocidade é estonteante, ao mesmo tempo que se imagina estar construindo uma nova cultura, ela absorve e descarta as pessoas. Somos moldados por instituições, religião, família, ideias, hábitos e influências culturais, nossa singularidade é preciosa, vivemos a vida que vivemos por causa de nossa visão de mundo e da cultura que abraçamos ou confrontamos.

 

 

 

 

 

 

Geraldo Ferreira – Pres. SinmedRN

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