O NATAL E SUA MAGIA –
Não vou começar dando sermão do tipo “passou a ser uma festa comercial” , “o mais importante foi deixado de lado”, “ é o nascimento do Cristo e Ele é o último a ser lembrado”. Essas verdades são coerentes! Sem dúvida! Mas, vamos falar de amenidades…
Tenho horror a fazer lista de presentes por pura obrigação. Gosto de lembrar de alguém em qualquer data e ver algo que parece com ela se tornando presente. Me incomoda essa loucura de sair riscando os nomes na listinha (amo listas!), enquanto ando em shoppings lotados com crianças chorando na frente das lojas de brinquedos e esposos reclamando que suas mulheres demoram a escolher entre o sapato rosa ou lilás.
Espera! Vamos falar sobre as crianças! Lembro de um Natal, na casa de minha tia Nilzete, em Campina Grande, onde o Papai Noel chegou. Ele me trouxe uma máquina de costura da Estrela e a primeira coisa que fiz foi furar meu dedo na agulha. Isso não importa! O importante foi lembrar do coração acelerado para ir ao encontro do Bom Velhinho e receber aquele presente que me marcou demais (não aprendi a costurar ou diferenciar os tecidos, mas a lembrança deste momento é doce demais para mim).
Não sei quando deixei de acreditar em Papai Noel ou se realmente deixei de acreditar, pois essa recordação me diz que ele existe sim…
Enfim, nos dias de hoje, algumas décadas após a máquina de costura, virou meio uma tradição levar mamãe para ver a chegada do Papai Noel no shopping. Vamos mais cedo, tomamos um café, rimos e conversamos enquanto olhamos o relógio ansiosas pela chegada dele e de sua turma de ajudantes. São tardes preciosas. Enquanto sigo mamãe sambando ao som das músicas natalinas indo atrás da bandinha, vou cuidando para que ninguém esbarre nela e ela chegue pertinho dos instrumentistas para curtir bem. Terminamos o dia cheias de coisas para contar, fotos e vídeos de situações engraçadas e já combinando o do próximo ano.
Nesses dias percebo que as crianças não estão tão animadas quanto nós adultos. Elas, muitas vezes, estão sendo puxadas pelos pais ou estão com seus olhos vidrados nos celulares. Cadê a magia do Natal?
Realmente, não gosto da correria das compras, da loucura de pensar na ceia, nas obrigações de amigo secreto (não vamos discutir sobre isso!).
Gosto de fazer uma reflexão sobre o ano que está acabando, agradecer pelos dias preciosos com dificuldades, desafios e conquistas que o ano proporcionou, agradecer a Maria e a José pelo seu sim e a chegada de Jesus Menino, comer uma boa fatia de rabanada e um pedaço de panetone e olhar o Papai Noel com o mesmo coração daquele dia que ele me deu a máquina de costura e me fez acreditar na magia do Natal.
Então, volto a ser criança.
E acredito num mundo mais doce, justo e passivo.
Cheio de magia!
Feliz Natal!
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora
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