O NÚMERO MÁGICO –
O três tem valor especial em todas as culturas. Com significado, costumes, superstições e coincidências.
Um cidadão ateniense procurou Sócrates e disse que tinha algo a revelar sobre um amigo dele. O filósofo perguntou: “Passou pelas três peneiras? A primeira peneira é a da VERDADE. Você tem certeza de que é verdadeiro o que deseja contar?”. “Não. Eu fui informado”. “A segunda é a peneira da BONDADE. Dar essa informação me fará bem, é bom para mim e para você?”. Novamente, não. “A terceira peneira é a da UTILIDADE. Vai ser útil para mim essa informação?”. “Não, também”. “Então não me conte”.
Cecília Meireles teve a vida marcada pelo número três. Aos três anos perdeu sua mãe. Cedo, morreram seus três irmãos. Ela teve três filhos. Um dos seus poemas mais famosos tem três estrofes. Outro longuíssimo, com oitocentas linhas, foi intitulado com três letras, EUA. Quando estudante, minha filha Leila ganhou concurso nacional sobre essas coincidências, ou melhor, “deuscências”.
O genial romancista Guimarães Rosa, em conto memorável, identifica “A Terceira Margem do Rio”.
O tempo é uma invenção humana. Dividimos como presente, passado e futuro.
O três não existe apenas em escala planetária, mas em escala cósmica. O Sol, que nos dá a vida, é 3330.330 vezes maior que a Terra.
No cristianismo, o três tem importância fundamental. A começar pela Santíssima Trindade, mistério reconhecido por outras religiões como a da Índia e a do Egito. O Ministério de Jesus aconteceu entre trinta e trinta e três anos, quando Ele morreu. No caminho do Gólgota, Ele caiu três vezes. Depois do galo cantar três vezes, São Pedro negou conhece-Lo, por três vezes. Eram três os Reis Magos que prestaram homenagem ao Menino Deus, oferecendo-Lhe ouro, incenso e mirra. A Ressurreição de Jesus aconteceu no terceiro dia, após a sua morte.
As histórias infantis, como a da Disney “Huguinho, Zezinho e Luizinho” e a famosíssima “Os Três Porquinhos” são o número mágico.
Os sociólogos têm como “Papa” de sua ciência Max Weber, Émile Durkheim, Karl Marx. Designados carinhosamente como Os Três Porquinhos.
Executivo, legislativo e judiciário são os três clássicos Poderes da República. Quando exerci as funções de professor de Direito da UFRN, utilizava a troica, grupo de estudos para toda a classe. O resultado era (é) excelente. Um aluno escolhido era o relator, os outros: um apoiava e o terceiro negava.
Na primeira das ciências, a matemática, é basilar a técnica da regra de três. Na geometria, utilizada pela arquitetura, o triângulo equilátero é portador de muita força. A Maçonaria utiliza um olho no interior de um triângulo, símbolo de Deus, que tudo vê. O mais alto nível atingido pelos maçons merece o grau trinta e três.
Os médicos, para identificar uma possível tuberculose, mandam que o paciente repita o número trinta e três. Por três vezes.
Como se vê, o três, em muitos sentidos, é um número ímpar, sem igual.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN
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