O PACIENTE AINDA RESPIRA –

Três leves sintomas de “oxigenação” no quadro clínico da economia brasileira trouxeram esperanças ao paciente.
Seriam motivos para comemorar? Saímos do abismo?

Bem, numa análise de variação mensal (não se leva em conta a comparação com o mesmo período do ano passado), os números recentes mostram que o volume de emissões de notas fiscais (e-commerce), certos setores do comércio (material de construção + alimentos e bebidas) e as vendas de veículos (auto-passeios) melhoraram. Some-se aos três fatos o registro de que as projeções para o próprio PIB apontam para uma queda menor, certamente que uma melhora bastante influenciada pelos gastos públicos, seja pelas compras diretas para a Saúde, como pelo auxílio emergencial.

Claro que essas sinalizações trazem algum alento. No entanto, não só é cedo para qualquer análise econômica prospectiva, assim como, a gravidade extensiva da pandemia, não garante a segurança de se ter sob controle os surtos de contágio (as tais ondas). Sem testes seguros e vacinas, o mundo continua à reboque deste e de outros vírus, o que causa instabilidade econômica.

Nesse quadro, estamos à mercê de duas frases célebres de tão distintas personalidades, que bem expressam esse momento de inseguranças e incertezas.

De Yasser Arafat: “por maior que seja o buraco que você esteja, pense que ainda não há terra por cima”.

De Ariano Suassuna: “uma viagem aérea só pode ser tediosa ou fatal, porque o pior dela é saber que para onde o avião vai o buraco sempre acompanha”.

Pois é…nessa viagem pandêmica, na qual a economia está submetida, a certeza do buraco é um “dado arianista”, enquanto durar o voo até um solo seguro. Ate lá, segue a esperança de Arafat, porque enquanto não houver terra nesse buraco, a economia é um paciente que respira.

https://www.instagram.com/p/CCV-Zf5AsGa/?igshid=m8ufoirh9im8

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

 

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