O PAI E AS PEDRAS DO SERTÃO – Alberto Rostand Lanverly

O PAI E AS PEDRAS DO SERTÃO –

Recentemente ao visitar familiares no Seridó potiguar, outra vez deparei-me com a praça do Meio do Mundo, folclórica área de lazer, trazendo em seu ponto central a estátua do Padre Cicero, a partir de onde a vegetação começa a mudar, com a paisagem toda recortada e protegida por serras.

Bem a minha frente, enxergava não somente a flor do mandacaru, mas também pedras gigantes harmonizadas umas sobre as outras, desafiando a gravidade e o tempo, formações rochosas, imponentes e firmes, representando a fortaleza de um povo resiliente, que enfrenta adversidades com força inabalável.

Não sei o motivo, mas ao contemplar tais volumes, passei a compará-las ao meu pai, que tal qual aqueles seixos gigantes, sempre soube se manter firme e comedido, sustentando sua família com paciência e determinação, sendo a base sobre a qual, eu e minha irmã Marcia Isabel, sempre nos apoiamos, enfrentando tempestades e intempéries com a mesma tranquilidade e solidez dos rochedos sertanejos.

E continuando a viagem, pensei em mim próprio, passando a ser o guardião de chaves mágicas usadas para abrir verdadeiras caixas de Pandora, repletas dos segredos de otimismo e felicidade, quando do nascimento dos meus três anjos de candura, Bruna, Larissa e Flávia, e aos poucos fui entendendo que cada dia para mim, sempre foi peregrinação em direção à descoberta desses segredos, esforço contínuo para proporcionar um futuro estável e cheio de possibilidades para cada uma delas.

 Hoje com o decorrer dos anos, entendo que ser pai é jornada sem manual de instruções, regras estabelecidas ou caminho único a seguir, pois a vida ensinou a descobrir aos poucos, o que significa cuidar, amar e guiar meu trio de princesas, sem fórmulas mágicas para ser perfeito, as vezes até errando, mas consciente ser em tais momentos se encontram as verdadeiras essências da paternidade

Assim, nesse segundo domingo de agosto, convenço-me, certamente imitando aquele que me deu a vida, que pai, é ser um bastião de história e esperança, oferecendo suporte inabalável e orientação constante, mantendo-se firme como as pedras do sertão, equilibrando-se entre responsabilidades e afetos, e perpetuando herança de força e integridade para as futuras gerações.

 

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly Presidente da Academia Alagoana de Letras

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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