O PAÍS DE SUCUPIRA –

Estava eu dirigindo, em uma estrada estranha, que me dava a sensação que alguma coisa de anormal estava para acontecer. Com a velocidade de 120 km/h seguia a minha viagem, subitamente aparece um buraco imenso e o carro cai nele, aumenta a velocidade em direção ao fundo do buraco. Perco os sentidos, quando acordo, nas placas dos carros onde indica o pais estava escrito Sucupira.

Desço do carro e vejo que é um pais pobre, embora com bastante minérios, uma boa base na cultura agrícola, mas nada progredia.

Um cidadão de chapéu de couro vai logo perguntando.

            – Quem é o senhor?

            – Sou Guga Leal (não quis dizer o nome). Que país é este, quem é o senhor, e o que estou fazendo aqui?

            – Quem vive neste pais são os “Tatuzeiross¨ e todos os dias cavamos mais para aumentar o buraco, uns cavam para a esquerda que chamamos de esquerdistas e outros cavam para direita que chamamos de direitistas, e ainda tem os oportunistas que chamamos de centristas, são os que cavam no centro.

            – Ok entendi, mas o senhor não disse o seu nome! Qual é o seu nome?

            – Bom moço, meu nome é Zeca Diabo, sou miliciano, pistoleiro, comando uma quadrilha maior do que a de Lampião, e estou aqui para proteger o presidente, pois ele levou uma facada e não colocaram o meliante na cadeia.

            – E a justiça daqui o que é que faz?

            – Olha moço tá perguntando muito, mas eu vou dizer! A justiça neste pais é uma graça. Prende pela cara, se é bonito ou rico solta e se é pobre ou preto prende, aqui é o pais da desigualdade social.

            – Como é o nome do presidente deste país?

            – Lá vem o senhor com o diabo de suas perguntas! Eu vou dizer, se chama Odorico Paraguaçu,

Nisto vem passando um senhor de chapéu, montado em um jumento, acompanhado de outros jumentos e grita bem alto – Morra Odorico.

Tenho um susto danado e pergunto quem é aquele homem. Ele responde que o homem se chama Seu Nezinho e o jumento que ele vai montado nele, ele chama de Rodrigo, aqueles outros jumentos ele chama de povo.

            – Me diga uma coisa, Seu Nezinho chefe da oposição só vive bêbado, andando de um lado para outro, dizendo tolices?

            – Ele só vive assim, embriagado, mas já foi preso e o doutor Lulu Gouveia que se diz ministro, foi lá e conseguiu soltá-lo.

            – Amigo e a pandemia como vai?

            – Olha doutor, vai muito ruim, não tem vachina pra todo mundo, já falei para o doutor Paz Joelho que não tem vachina pra todo mundo.

Nessa hora quis ri mas aguentei o riso. Perguntei como podia falar com Odorico Praraguaçu. Ele me falou que o dia não era bom, ele (o presidente) teve uma briga com o jornalista Neco Pedreira chefe da Trombeta, principal jornal da cidade e se eu fosse ia ouvir muita besteira pois Odorico quando tem raiva fala o que não deve.

Pergunto a Zeca Diabo como posso sair daquele país tão, rico, mas de um povo pouco politizado, sem saber qual é seu rumo. Zeca Diabo me responde que é difícil, mas vai me ajudar. Amarrou uma corda bem grande no meu carro, que serviu de alegoria para uma escola de samba, com belas mulheres e lá fomos nós. Que belo país, será que ele existe mesmo?

 

 

 

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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